Revolta popular em Lichinga: polícia baleia cinco cidadãos
12 de março de 2015Segundo os populares que foram ouvidos pela reportagem da DW África, o problema surgiu por causa da cobrança de 30 Meticais de imposto de bicicleta, ou seja 0,80 Euros, pela Polícia Municipal e a Polícia da República de Moçambique (PRM). Na manhã desta quinta-feira (12.03.), as autoridades exigiram o pagamento a um cidadão que não tinha dinheiro suficiente para o efeito.
Durante a discórdia, a polícia baleou na perna o cidadão Omar Abdala. A DW África ouviu Abdala, que atualmente está internado no Hospital Provincial do Niassa, sobre o que se tinha passado: "A polícia mandou-me parar. Eu parei e disse-lhes que não tinha comigo o dinheiro do imposto. Eles queriam retirar a bicicleta que estava na minha posse. Não o permiti e começaram a ameaçar-me, tentando obrigar-me a deixar a minha bicicleta. Eu recusei e daí balearam-me."
Alberto Saíde, uma testemunha do confronto com a polícia no bairro de Chuaula, confirma a versão: "A Polícia da República disparou para a perna e não para o ar. Se fosse para o ar, a coisa seria outra, mas isso é guerra e não é lógico."
Segundo o relato de Saíde, alguns populares que assistiram ao confronto pegaram no polícia e começaram a espancá-lo.
Fúria dos populares
A seguir, a população local manifestou-se contra a ação da polícia e invadiu a segunda esquadra local. Agrediram alguns agentes que estiveram presentes e vandalizaram a esquadra. No decorrer da revolta popular, houve mais pessoas que foram baleadas pela polícia, que se defendeu contra os populares.
No total, cinco pessoas baleadas deram entrada no Hospital Provincial de Lichinga, a maior unidade sanitária na província do Niassa. Segundo Anastácio Vitimane, substituto do diretor clínico do hospital, uma pessoa morreu e quatro sofreram ferimentos graves.
"Todos os feridos que chegaram aqui já foram tratados e estão fora de perigo," disse Vitimane.
Situação sob controlo
Às 15h30, hora local de Moçambique, a polícia tinha reforçado a sua presença nas ruas de Lichinga e a situação estava sob controlo.
O comando provincial da Polícia da República de Moçambique no Niassa disse que o culpado foi o cidadão, pois não cumpriu as ordens do agente. A polícia prometeu pronunciar-se dentro de dias com mais pormenores sobre a situação.