Rádio Ecclesia não expande sinal em Angola por motivos políticos
Criada no dia 08.12.1954, a rádio Ecclesia, emissora católica de Angola, comemora no próximo mês 58 anos de história.
Uma história que viu o confisco da emissora, em 77, e o ressurgimento, vinte anos depois, como um dos principais veículos de divulgação de informações independentes no país ocidental africano.
Parte desta história, foi acompanhada por Bernardo Sebastião Bartolomeu. Ouvinte assíduo da emissora, diz que a rádio tem ajudado bastante à família e aos amigos e afirma que "não há razões para temer pela emissora".
Hoje, Bernardo Sebastião Bartolomeu se tornou coordenador da Ação dos Leigos Católicos de Angola, a ALCA.
Já a Rádio Ecclesia ainda aguarda a autorização para expandir a transmissão da emissora pelo interior do país - um impasse que já dura anos.
O tema inclusive foi destaque na Assembleia dos Bispos de Angola e São Tomé, que termina quarta-feira (21.11) em Luanda.
Na oportunidade, o arcebispo do Lubango, Dom Gabriel Bilingue, cobrou novamente a autorização e disse esperar que, a partir de 2012, a rádio Ecclesia já possa transmitir para todo o território angolano.
Ação política?
O religioso já vê até uma ação política que impede o avanço da emissora - a mesma opinião de Bernardo Sebastião Bartolomeu, da ALCA. "Falta regulamentação da lei de imprensa, mas nós vimos que o problema, se calhar, não é esse. Se calhar, o problema já é político. Temos uma outra rádio em Angola, a Rádio Mais, que em tão pouco tempo - quatro ou cinco anos de existência - está em Luanda, mas transmite para outras províncias. Então, não estamos a entender o que se está a passar", questiona Bartolomeu.
Para reforçar o manifesto da Igreja pela ampliação do sinal da rádio Ecclesia - uma rádio parceira da DW África, em FM 97,5 MHz -, a Ação dos Leigos Católicos de Angola, organiza um abaixo assinado em defesa da emissora. "Nós, os leigos, vimos que é conveniente que façamos alguma coisa. O que a gente queria fazer era expressar, através de documentos, o que nós queremos para a nossa rádio", explica o coordenador da ALCA.
Até junho de 2012, Bernardo Sebastião Bartolomeu diz que foram recolhidas mais de 50 mil assinaturas. "Nossa perspectiva é recolher aproximadamente um milhão".
Depois do abaixo assinado, a Alca pretende encaminhar as assinaturas para os representantes do governo angolano.
Autor: Wellington Carvalho
Edição: Renate Krieger/António Rocha/Johannes Beck