São Tomé: Campanha eleitoral arranca com apelos à paz
9 de setembro de 2022As eleições são já daqui a duas semanas, altura em que 123 mil eleitores são-tomenses são chamados às urnas para eleger o décimo oitavo governo constitucional de São Tomé e Príncipe.
A Comissão Eleitoral Nacional (CNE) de São Tomé e Príncipe ultima os preparativos para o dia da votação. Os sorteios de tempo de antena foram realizados.
O presidente da CNE, José Carlos Barreiro, pede serenidade às forças concorrentes para que a campanha eleitoral e votação possam decorrer num clima de paz.
"Aos indecisos, para que vocês possam ganhar, têm de apresentar o vosso programa concreto, para que sejam governo para governar o país - o que vocês vão fazer concretamente para o desenvolvimento do país", afirmou.
As eleições mais concorridas de sempre
Onze formações políticas disputam estas eleições, as mais concorridas de sempre. "O Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD) está preparado para fazer o seu percurso natural normal, é um partido tradicional do arco do poder, vamos tudo fazer e temos a certa que no dia 25 de setembro teremos bons resultados.", diz Danilo Santos, mandatário do MLSTP-PSD, partido da independência.
Cartazes gigantes com a mensagem "Estou pronto" e a figura de Patrice Trovoada inundam as ruas da capital São Tomé e nos distritos. A Ação Democrática Independente (ADI), de Trovoada, foi o partido mais votado nas eleições de 2018, mas não conseguiu formar governo.
Desta vez, luta na máxima força, segundo diz Elísio Teixeira, mandatário da ADI: "É um partido com penetração no terreno, habituado ao poder. Logo, as nossas linhas estão traçadas. Vamos aprimorá-las e avançar no processo."
O movimento político Basta! congrega dissidentes de várias forças políticas e disputa estas eleições com o PCD. Conta com o apoio do presidente da Assembleia, Delfim Neves. Segundo o seu mandatário, Hamilton Vaz, é uma força séria a ter em conta nesta votação.
Deficientes querem evitar compra de votos
Na contagem decrescente para o dia das eleições em São Tomé e Príncipe, a Associação dos Deficientes Físicos percorre o país, para fazer o levantamento das pessoas portadoras de deficiência com dificuldades e sem meios para votar.
A associação quer evitar a compra de votos, pela incapacidade física desses eleitores, denuncia Arlindo Xissano, presidente da organização. "Candidatos políticos pagam à família para deixar que levem os deficientes acamados para votar e cobram a troca na estrada. Isto é comprar consciências", critica.
Ao todo, existem sete mil adultos portadores de deficiência em todo o país. Noutras eleições, as longas filas de espera têm feito com que muitas pessoas desistam de votar, conta Mardina Pinto.
"Na eleição passada fui obrigada a estar na fila, fui às 7:00 e regressei às 11:00, porque as pessoas dizem que quem veio tem de esperar, mesmo sendo deficiente. Os albinos não podem estar ao sol", lembra.
As Nações Unidas apoiam a realização de eleições livres e transparentes e trabalham para aumentar o número de deficientes físicos que possam votar este ano.