Oposição acusa governo de STP de praticar atos duvidosos
17 de novembro de 2018"Não se compreende que um governo que perdeu as eleições, que perderá legitimidade em menos de uma semana, engaje o Estado em compromissos pouco transparentes e de utilidade duvidosa, muitos dos quais lesivos de interesse nacional, sobrecarregando ainda mais a difícil condição financeira do país", afirmaram em comunicado conjunto.
No comunicado lido hoje pelo secretário-geral do MLSTP-PSD, Arlindo Barbosa, as duas formações políticas que constituem uma nova maioria e pretendem formar governo com base nos resultados de eleições de 07 de outubro, lamentam que o actual governo "aceite demissões de altos responsáveis da administração pública e das empresas, sem se preocupar com a prestação de contas e o apuramento de responsabilidades civis e criminais".
Apresentou demissão a partir de Lisboa
Fonte partidária indicou à Lusa que o comunicado se refere, em particular, ao diretor-geral da empresa de Água e Eletricidade (EMAE), que, de acordo com fonte desta entidade, "abandonou o país há cerca de uma semana e demitiu-se do cargo, a partir de Lisboa".
Um comunicado do Conselho de Ministros, datado de 16 de novembro, por seu lado, confirma que o diretor-geral desta empresa, Mário Lourenço de Sousa, decidiu "colocar o seu cargo à disposição". Este comunicado enumera a aprovação de diversos diplomas sobre a administração pública, nomeadamente o decreto relativo à concessão de subsídios de férias aos funcionários, a regulamentação da Lei sobre terrenos do Estado e a alteração da carreira diplomática.
Foram também aprovados os decretos que formalizam o quadro do pessoal do Instituto Marítimo e Portuário e do Instituto Nacional de Estradas, o quadro remuneratório do Laboratório de Engenharia Civil e do Instituto Nacional de Meteorologia.
De acordo com a nova maioria, o governo cessante pretende "deixar o país numa situação de caos através de atos e omissões graves, com atrasos no pagamento de salários, não pagamento de dívidas a empresas, de bolsas de estudos" e o "não abastecimento dos hospitais". "Sem pôr em causa o princípio do respeito pela continuidade do Estado, o governo da nova maioria analisará, com todos os envolvidos e num espírito de boa fé, todos os atos praticados [pelo Governo cessante] e cumprirá apenas aqueles que tenham respeitado o enquadramento legal", acrescentou o dirigente do MLSTP-PSD, Arlindo Barbosa.
ADI venceu sem maioria
A ADI, partido no poder, venceu as eleições com maioria simples (25 em 55 deputados na Assembleia Nacional), enquanto o MLSTP conquistou 23 mandatos e a coligação PCD-UDD-MDFM cinco, tendo estas duas forças reclamado maioria absoluta e anunciado um acordo pós-eleitoral de incidência parlamentar e com fins governativos. Foram ainda eleitos dois deputados independentes pelo distrito de Caué.
O novo parlamento será empossado no próximo dia 22 e o Presidente, Evaristo Carvalho, deverá depois dar posse ao próximo executivo.
A ADI tem reclamado a constituição de um governo de base alargada, mas a oposição rejeita, afirmando ter condições de sustentabilidade parlamentar que garantem a governação.