Secretário-geral da ONU condena massacres em Cabo Delgado
11 de novembro de 2020"O secretário-geral está chocado com os recentes relatos de massacres perpetrados por grupos armados [...] em várias aldeias na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, incluindo a decapitação e rapto de mulheres e crianças", pode ler-se num comunicado divulgado na noite de terça-feira (10.11) pelo porta-voz Stephane Dujarric.
Na nota, acrescenta-se que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) "condena veementemente essa brutalidade atroz".
Vários órgãos de comunicação moçambicanos e internacionais relataram um massacre perpetrado pelo grupo terrorista Estado Islâmico, no final da semana passada, em Cabo Delgado, com início na aldeia de Nanjaba.
Várias pessoas foram sequestradas e depois decapitadas na aldeia de Muatide. De acordo com imprensa local, as decapitações terão sido realizadas entre a passada sexta-feira e domingo.
Investigação sobre incidentes
"O secretário-geral da ONU insta as autoridades do país a conduzir uma investigação sobre esses incidentes e a responsabilizar os responsáveis", declarou o porta-voz, apelando a "todas as partes em conflito para que cumpram as suas obrigações ao abrigo do direito internacional humanitário e dos direitos humanos".
Guterres reiterou o compromisso das Nações Unidas em continuar a apoiar a população e o Governo de Moçambique na abordagem urgente das necessidades humanitárias imediatas e nos esforços para defender os direitos humanos, promover o desenvolvimento e prevenir a propagação do extremismo violento.
As Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas descrevem como "grave" a situação em Cabo Delgado (norte), assinalando que o porto e o aeroporto de Mocímboa da Praia continuam nas mãos de grupos armados, refere-se num relatório parlamentar consultado pela Lusa.
A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, é palco há três anos de ataques armados desencadeados por forças classificadas como terroristas e que se intensificaram este ano.
Há diferentes estimativas para o número de mortos, que vão de 1.000 a 2.000 vítimas.Segundo dados oficiais, há, pelo menos, 435 mil deslocados internos devido à violência protagonizada por grupos classificados como terroristas em distritos mais a norte da província.