Moçambique: sedes da RENAMO em Chimoio incendiadas
19 de abril de 2016Os autores do incêndio levaram ainda pouco mais de 350 mil meticais [6 mil euros], destinados ao pagamento dos subsídios dos membros do maior partido da oposição, material informático e sonoro, utilizado nas campanhas e reuniões políticas, e destruíram um arquivo.
“Dois homens entraram às 02:00 da madrugada (hora local) na sede provincial, romperam a minha porta, entraram e incendiaram o gabinete, e depois foram ao gabinete da administração e finanças e queimaram ali”, afirmou Sofrimento Matequenha, delegado político provincial da RENAMO em Manica.
Segundo o delegado político, os homens espancaram o guarda da sede do partido no bairro do Soalpo e incendiaram o edifício com recurso a gasolina.
Manuel Zindoga, delegado político da RENAMO em Chimoio, afirmou que não iriam “atribuir a culpa a outrem, porque o nosso inimigo agora é a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO)”, o partido no Governo. Uma posição também defendida por Matequenha, que afirma que a RENAMO atribui “à FRELIMO a culpa, que manda essas pessoas para fazer vandalismo”.
Zindoga acrescenta ainda que a “FRELIMO não vandaliza somente sedes. Tira os nossos mastros e vandaliza as nossas bandeiras. O propósito é silenciar a RENAMO, para que o eco da RENAMO não chegue à população”.
Confrontos entre RENAMO e Governo intensificam-se
De acordo com o dirigente político, a viatura protocolar de Afonso Dhlakama, líder da RENAMO, foi queimada em março na garagem do delegado da oposição da cidade de Chimoio, depois de ter permanecido vários meses no comando da reserva da polícia. Esta foi a única viatura que escapou ao ataque à comitiva da RENAMO, seguido de um incêndio, a 25 de setembro, na zona de Zimpinga.
“É uma ocorrência que não é do nosso conhecimento. A ter ocorrido, havia toda a necessidade de ter sido denunciada às autoridades competentes, mas isso não foi feito”, afirmou Elsidia Filipe, porta-voz do comando provincial da Polícia da República de Manica.
Moçambique vive uma crise político-militar há vários meses. O principal partido da oposição reclama vitória eleitoral em seis províncias de Moçambique.
Os confrontos entre o braço armado da RENAMO e as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas intensificaram-se a partir do final de março, altura em que terminou o prazo dado por Dhlakama para começar a governar nessas províncias.
Os confrontos acontecem sobretudo no centro do país, com ataques a veículos militares e civis em vários troços da Estrada Nacional 1, a principal estrada de Moçambique, atribuídos à RENAMO. Ambas as partes têm vindo a acusar-se mutuamente de raptos, assassínios e intimidação dos respetivos membros.