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Angola: "Continuamos com as mesmas violações graves"

14 de abril de 2022

Ativista angolano Sedrick de Carvalho considera que pouco mudou em sete anos em Angola no que toca à liberdade de expressão. No livro "Prisão Política", autor narra momentos sobre a sua detenção no âmbito do caso "15+2".

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Angola | Sedrick de Carvalho
Foto: Manuel Luamba/DW

O livro "Prisão Política", da autoria do jornalista e ativista Sedrick de Carvalho, já chegou às bancas em Angola. A obra relata os momentos vividos pelo autor enquanto esteve preso durante o processo dos "15+2", pelo qual ele e outros 16 ativistas foram acusados de "atos preparatórios para a prática de rebelião".

"O livro é todo ele um conjunto de evidências de como os direitos mais básicos são menosprezados e violados sistematicamente neste país. Foi assim que aconteceu connosco durante todo o processo", afirma. 

"Leis elementares não foram cumpridas, até mesmo com pressão internacional. Mesmo assim, as autoridades não cumpriram", frisou.

Angola | Vorstellung des Buches „Political Prison“ von Sedrick de Carvalho.
Livro "Prisão Política", de Sedrick de Carvalho, já chegou às bancas em AngolaFoto: Manuel Luamba/DW

Detidos enquanto liam

Em 20 de junho de 2015, 17 jovens foram detidos pela polícia angolana quando se encontravam a ler a obra do politólogo norte-americano Gene Sharp, intitulada "Da Ditadura à Democracia", que lista 198 métodos de resistência não violenta.

"Durante todo o processo de prisão houve também momentos de permanente instigação, violação, tortura psicológica e até física", denuncia o autor.

O ativista lamenta que volvidos sete anos – e mesmo com um novo Presidente da República, João Lourenço, que prometeu mudanças – se continuem a registar violações sistemáticas de direitos, liberdades e garantias em Angola.

"Continuamos mal. Continuamos com as mesmas violações graves e reiteradas das liberdades mais básicas", assevera.

Angola | Vorstellung des Buches „Political Prison“ von Sedrick de Carvalho.
Lançamento do livro "Prisão Política", de Sedrick de Carvalho, em Luanda, AngolaFoto: Manuel Luamba/DW

Protestos reprimidos

Angola continua a ser palco de repressões violentas contra manifestações por parte das autoridades. Um exemplo da perseguição política em curso é o julgamento sumário de mais de 20 ativistas por terem participado num protesto alegadamente não autorizado. Entre as pessoas detidas no dia 9 de abril estão Laurinda Gouveia, com um filho de apenas seis meses, e Rosa Conde, as duas únicas mulheres integrantes no caso "15+2".

À DW África, o ativista José Gomes "Hata" diz que em Angola há coisas que não mudam.

"Temos pessoas envolvidas naquele processo que estão aí a responder por situações muito idênticas. Não devemos intimidar-nos. Apesar das prisões, devemos continuar o nosso rumo em direção a uma Angola justa e próspera", considera.

José Gomes "Hata", que também integrava o grupo dos "15+2", diz que a prisão ensinou-lhe uma coisa: "O que me marcou foi a vontade de se doar por causa de todos nós, na luta pelos direitos humanos, pela democracia e pela liberdade de expressão".

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