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Separatistas dos Camarões denunciam detenção de líderes

Sella Oneko | Moki Kindzeka | cvt | DPA | Reuters
9 de janeiro de 2018

Segundo separatistas anglófonos, Ayuk Tabe Julius e pelo menos outros seis líderes foram detidos na Nigéria na semana passada. Autoridades não confirmam as detenções. A sociedade civil apela ao diálogo.

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Cidadãos dizem que região anglófona recebe menos atenção do Governo (protesto em outubro de 2017)Foto: Reuters/J.Kouam

Ayuk Tabe Julius, o homem que os separatistas chamam de Presidente do estado independente da Ambazónia, terá sido detido na semana passada em Abuja, na Nigéria, juntamente com, pelo menos, seis membros do seu Governo interino.

O líder separatista e os seus apoiantes estariam num hotel da capital nigeriana para participar num encontro. Segundo o porta-voz do "Estado da Ambazónia", Chris Anu, "homens armados invadiram o hotel e raptaram-nos".

De acordo com os separatistas e alguns meios de comunicação social da Nigéria, o serviço de inteligência do país estaria por trás das detenções. Mas as autoridades camaronesas e nigerianas não confirmam estas alegações.

"Não houve detenções em Abuja", afirmou um oficial do serviço de inteligência nigeriano à agência de notícias AFP. A fonte, que pediu para não ser identificada, admitiu, no entanto, que camaroneses foram presos na fronteira com os Camarões em dezembro.

"Pensámos que a maior parte fossem refugiados, mas as autoridades dos Camarões protestaram, dizendo que os detidos eram parte de grupos separatistas", informou o oficial à AFP.

Kamerun - Proteste
Polícia convocada para acompanhar protesto dos cidadãos anglófonos na cidade de Buea, em outubro passadoFoto: Getty Images/AFP/Stringer

Tensão diplomática

O agravamento da violência nas áreas de língua inglesa dos Camarões levou dezenas de milhares de pessoas a fugir para a Nigéria e causou tensões diplomáticas entre os dois vizinhos.

No mês passado, as tropas camaronesas atravessaram a fronteira em busca dos separatistas sem pedir autorização às autoridades nigerianas. O Alto Comissário da Nigéria nos Camarões, Lawan Abba Gashagar, encontrou-se, entretanto, com o Presidente Paul Biya e os dois concordaram em colaborar na luta contra grupos armados. 

Depois dos grupos separatistas declararem a independência simbólica da região da Ambazónia, em outubro, eclodiram protestos, reprimidos pelo Governo camaronês. Grupos internacionais de defesa dos direitos humanos dizem que, nos últimos meses de 2017, entre 20 e 40 pessoas foram mortas em confrontos. Segundo a Amnistia Internacional, pelo menos 500 pessoas foram detidas desde o anúncio da independência.

Separatistas dos Camarões denunciam detenção de líderes

Região marginalizada

Na região, as opiniões dividem-se quanto às ações dos separatistas. O empresário Evaristus Njie disse à DW que os apoia, porque a região anglófona é marginalizada. Pede, por isso, a libertação imediata de todos os líderes detidos na Nigéria e nos Camarões.

"O Governo tem afirmado que está a dialogar com os separatistas. Mas como podem afirmar que estão a dialogar para que a paz volte, enquanto, ao mesmo tempo, os prendem. Não é bom", afirma.

O estudante universitário Emmanuel Wiysahnyuy é, no entanto, a favor das detenções dos líderes da Ambazónia e apela ao regresso à normalidade.

"O Governo está a fazer tudo o possível para os prender, para que a paz possa regressar às regiões noroeste e sudoeste dos Camarões".