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Sindicato dos Jornalistas e ONG criticam imprensa angolana

7 de agosto de 2017

Canais de televisão e estações de rádio favorecem alguns partidos em detrimento de outros durante a campanha eleitoral, segundo o sindicato e a ONG Handeka.

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Foto: picture alliance/blickwinkel/Blinkcatcher

O secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), Teixeira Cândido, revelou, em entrevista à DW África, que, no que diz respeito aos órgãos públicos, apenas o Jornal de Angola tem tido um desempenho exemplar.

"A Rádio Nacional de Angola e a Televisão Pública de Angola são os órgãos que não respeitam o tratamento igual", diz. O representante do sindicato afirma ainda que "esses órgãos têm espaços de análise de campanha eleitoral para os quais convidam maioritariamente pessoas com tendência favorável para o MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola]."

Angola Teixeira Cândido
Teixeira Cândido do Sindicato dos JornalistasFoto: DW/M. Luamba

Cobertura da imprensa privada

De acordo com com o SJA, não são apenas os órgãos públicos que favorecem o partido que sustenta o Governo desde 1975. A imprensa privada também dá maior cobertura às atividades do MPLA. "A [televisão privada] Zimbo não está a ser equilibrada nos seus principais espaços noticiosos", declara Teixeira Cândido. Na opinião do secretário-geral da organização, "os seus programas de análise também não são equilibrados na medida em que não não trazem para aquele espaço várias outras pessoas com tendências para outros partidos."

A preferência para o MPLA na imprensa angolana é confirmada também pelo primeiro relatório da recém-criada ONG Handeka. O documento indica que quase 85% do tempo dedicado pelas televisões e rádios do país, entre 23 de julho – data do arranque da campanha – e 27 do mesmo mês, foi ocupado pelo MPLA, com 332 minutos, num total de 500 minutos. A ONG está a observar a cobertura eleitoral com um grupo de voluntários que trabalha no projeto denominado "Jiku".

Mas o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas de Angola lembra que a Rádio Despertar, lançada em 2006 como parte dos acordos de paz entre o Governo e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), também obteve uma avaliação negativa no relatório do sindicato. Segundo Teixeira Cândido, a estação dedica mais tempo ao maior partido da oposição nos seus principais espaços noticiosos. "Está um fosso enorme favoravelmente ao partido UNITA, por exemplo, comparando com outros partidos", defende o secretário-geral. 

Sindicato dos Jornalistas e ONG criticam imprensa angolana

Exceções

Apesar de favorecimento a partidos políticos feito pela maioria dos veículos de imprensa angolanos, também há bons exemplos. "O Novo Jornal está muito equilibrado, felizmente. A [rádio] LAC está equilibrada nos serviços noticiosos, porém tem um programa de análise para o qual convida maioritariamente pessoas com tendências favoráveis ao MPLA", sustenta Teixeira Cândido, que cita a Rádio Ecclesia como mais um modelo de equilíbrio.

Os angolanos vão às urnas no dia 23 de agosto, naquelas que serão as quartas eleições da história política e democrática do país. Os partidos concorrentes dispõem de tempo de antena na Rádio Nacional de Angola (RNA) e Televisão Pública de Angola (TPA) para transmitirem ao eleitor as suas propostas de governação. São 10 minutos nas rádios e cinco nos canais de televisão.

 

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