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Guiné-Bissau: Situação política preocupa sociedade civil

Lusa
23 de abril de 2021

Movimento Nacional da Sociedade Civil, Paz e Desenvolvimento da Guiné-Bissau está preocupado com a evolução da situação, nomeadamente com uma alegada reunião entre dirigentes políticos e com a presença de militares.

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Foto: DW/I. Danso

Em causa está uma conferência de imprensa realizada no início desta semana por dois militantes do Partido de Renovação Social (PRS), terceira força política do parlamento guineense e que faz parte da coligação no Governo, que denunciaram a realização de uma reunião na aldeia de Patche Yala, no norte do país, entre o líder do PRS, Alberto Nambeia, e o presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, com a presença de militares.

Em comunicado, o Movimento Nacional da Sociedade Civil salienta que a "reunião em si não constituiria nenhum questionamento por se tratar de um ato estratégico entre partidos", mas o "envolvimento de altas patentes" da classe castrense do país é "algo fora da lógica".

Para a organização não-governamental, a participação de militares na alegada reunião gera "desconfiança e inquietude na população em geral". 

PAIGC e PRS negam realização de reunião

O comunicado do Movimento Nacional da Sociedade Civil foi divulgado após o PAIGC e o PRS terem negado publicamente a realização da alegada reunião. 

Em declarações à imprensa, o responsável pela comunicação do PAIGC, Muniro Conté, disse que as pessoas que anunciaram a realização da reunião são quem deve fazer prova de que ela se realizou. "Pelo que sei, não houve nenhuma reunião", salientou.

Guinea-Bissau PRS Parteitreffen
PRS faz parte do atual Governo de Nuno NabiamFoto: DW/B. Darame

Já o PRS, através do seu vice-presidente Orlando Viegas, disse na quinta-feira não ter conhecimento da reunião, mas confirmou a presença do presidente do partido na aldeia a convite dos populares.

A alegada reunião levou também o conselho de Chefes de Estado Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau a apelar a todos os militares no ativo e na reserva a absterem-se de participar em reuniões de caráter político-partidário.

Nova aliança política?

Segundo a imprensa guineense, a reunião, apesar de não ter sido oficialmente confirmada, pode significar uma hipotética nova aliança política no país e uma suposta mudança da maioria no parlamento.

Questionado sobre se estava a ser negociado um acordo parlamentar com o PRS, o responsável pela comunicação do PAIGC disse que não pode avançar nenhuma informação.

"O que posso dizer é que se esses dois partidos entenderem que é chegado o momento de tirar o país do lamaçal, de repudiarem da mesma forma o tipo de governação que estamos a assistir, se comungarmos desses valores, não haveria nenhum problema do PAIGC para a constituição de Governo, porque seria legal e constitucional", salientou. 

Sobre o mesmo assunto, Orlando Viegas disse que o PRS é um "partido político e se um dia tiver de negociar com o PAIGC todo o mundo vai saber".  Questionado sobre se há essa possibilidade, o vice-presidente do PRS disse que na "vida tudo é possível".

"Por isso se diz que na política não há inimigos permanentes e que as coisas mudam em função da realidade e quem sabe se um dia há necessidade de fazer essas negociações. Não se preocupem porque quando o PRS tiver que tomar uma posição vai fazê-la publicamente", salientou.

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