Soldados americanos apoiam Uganda na captura de Joseph Kony - líder do LRA
20 de outubro de 2011A milícia ugandesa LRA é conhecida por sequestrar crianças e treiná-las para serem combatentes. Depois de ser expulsa do Norte do Uganda, a milícia começou também a atacar países vizinhos como o Sudão do Sul, a República Centro-Africana e o nordeste do Congo. E, até agora, as tentativas de acabar com o LRA e levar Kony ao Tribunal Penal Internacional goraram-se. A esperança das populações locais são agora os soldados norte-americanos.
Numa visita ao Uganda, a DW coonheceu Bienvenue Bulende, mãe de quatro crianças. Ela caminha com seu bebé no colo, na companhia dos dois filhos meninos e da filha de 16 anos numa rua cheia de lama. Todos estão cansados e com fome. Há três dias que a família está na estrada. São refugiados. Abandonaram a vila onde nasceram e agora estão no nordeste da República Democrática do Congo, onde se escondem, há cinco anos, da organização rebelde do Uganda, Lords Resistance Army (LRA) - o Exército de Resistência do Senhor.
À procura de refúgio
Quase todos os dias, os rebeldes atacam populações locais. Bienvenue Bulende conta: "De longe ouvimos tiros. Fiquei com tanto medo. Com certeza foi o Exército de Resistência do Senhor. Eles circulam por aqui. Já mataram muitas pessoas. Peguei nos meus filhos e em tudo o que tinha e fugimos. Dormimos na mata. Aqui em Dungu esperamos estar em segurança. Meu marido ainda está na vila da qual viemos. Ele queria ajudar a defender a localidade contra os atacantes. Espero que ele ainda esteja vivo."
Segundo a Organização da Nações Unidas, mais de 3.400 crianças e jovens terão sido sequestrados. Mas, depois da decisão do presidente norte-americano de enviar soldados de elite para as áreas onde o LRA age, a população vê uma luz ao fundo túnel. Em conjunto com as tropas locais, os norte-americanos estão à caça de Joseph Kony – o líder do Exercito de Resistência do Senhor. A intenção é capturá-lo e entregá-lo ao Tribunal Penal Internacional.
Vivo ou Morto
No entanto, para Paul Ronin, que se especializou em assuntos relacionados com o LRA, é mais provável que Joseph Kony seja morto em vez de capturado. "Vimos o que aconteceu com Osama Bin Laden. Vimos o que o governo norte-americano fez quando teve a oportunidade de capturá-lo. Eles queriam matá-lo. E talvez o governo do Uganda também queira matar Joseph Kony. É difícil prever. Mas sobretudo, eu partiria do principio que também Kony vai fazer tudo para que não o apanhem."
A mensagem norte-americana no Uganda é clara: os soldados estariam lá apenas para aconselhar as tropas locais e não para se envolverem diretamente nos conflitos. Mas para pessoas como Bienvenue Bulende e seus quatro filhos, somente uma coisa importa: acabar de uma vez por todas com a milícia que há 26 anos faz as populações abandonarem seus lares em busca de segurança.
Autora: Simone Schlindwein/Bettina Riffel
Edição: Carla Fernandes/Cristina Krippahl