Somália: 20 anos de Estado falhado
26 de janeiro de 2011Com os olhos escondidos por detrás de grandes óculos escuros, com uma camisa da farda militar... Assim apareceu Siad Barre no início dos anos noventa, para a sua última entrevista como Presidente à televisão alemã ARD. Nessa altura ele disse: “Estou cansado. Estou farto de lutas políticas.”
Siad Barre, entrou para o poder em 1969 através de um golpe militar, tendo instalado um regime ditatorial. Na era da chamada “guerra fria” colocou-se do lado da União Soviética e mais tarde do lado dos Estados Unidos da América. A esse propósito disse na entrevista que: “Estar entre esses dois grandes pedregulhos significa estar esmagado. A nossa posição estratégica levou-nos à ruína.”
A guerra de libertação que se tornou numa desgraça
Em janeiro de 1991, uma aliança composta por vários grupos armados chefiados pelos “Senhores da Guerra” expulsou o ditador de Mogadíscio. Mas, o que deveria ser uma libertação para a Somália, tornou-se numa desgraça para o país.
Depois do inimigo ser expulso, rompeu-se a aliança com Siad Barre. Começou uma era de décadas de guerra civil. Pouco depois o mundo começou a ver imagens de uma Somália destruída, pessoas esfomeadas a morrer... As Nações Unidas deram o seu apoio aos somalis e o Ex-Presidente norte-americano George W. Bush, disse na altura: “Nós viemos ao país por apenas uma razão. Queremos tratar dos esfomeados, ajudá-los a sobreviver. América tem que agir."
Todavia passadas algumas semanas, para os Estados Unidos da América o engajamento começou a transformar-se num segundo Vietname. Mohammed Farah Aidid, o mais poderoso “Senhor da Guerra” de Mogadíscio, decidiu expulsar as tropas americanas do país. Em Outubro de 1993 deu-se a catástrofe que mais tarde foi retratada por Hollywood no filme "Black Hawk Down".
Aididi mandou derrubar três helicópteros americanos e 18 soldados foram mortos. Alguns dos cadáveres dos soldados foram arrastados pelas ruas do centro de Mogadíscio perante as câmaras televisivas do canal americano de notícias CNN. A seguir, a este triste quadro, a missão onusiana UNOSOM foi encerrada.
Autor: Antje Diekhans/Daniel Machava
Revisão: Nádia Issufo/António Rocha