Sudão: Manifestações em massa pelo país
14 de julho de 2019Convocadas sob o lema "Justiça Primeiro", as passeatas aconteceram com manifestantes levando fotografias dos mortos e cantando palavras de ordem como "Não aos assassinos, não aos injustos, justiça primeiro" e "Não te esquecemos, não te esquecemos".
"Viemos para expressar a nossa opinião e transmitir a nossa voz e saudar a memória de nossos eternos mártires", disse o manifestante Mostafa Sayed Ahmed.
"Estaremos nas ruas até que as nossas exigências sejam cumpridas,” acrescentou Osama Iskandar, um jovem manifestante.
Na capital, as manifestações, convocadas pelas Forças de Liberdade e Mudança, uma plataforma de grupos políticos e civis que defendem um processo para democratizar o país, tiveram como destino as casas de algumas das vítimas.
Por sua parte, a Associação de Profissionais Sudaneses exibiu na sua página do Facebook imagens de grandes marchas em várias outras partes do país, como Madani (centro), Sennar (sul) e Al Abyad (oeste).
As Forças de Liberdade e Mudança convocaram as passeatas no último dia 5 de julho, quando foi anunciado que a junta militar - que controla o país desde a derrocada há três meses do ex-presidente Omar al Bashir - e os grupos civis tinham alcançado um acordo para a formação de um Conselho Soberano.
Apesar de que com esse acordo foram suspensos todos os demais protestos, a plataforma manteve a convocação para lembrar os 40 dias do despejo do acampamento e exigir punição para os responsáveis do que qualificam como "massacre".
Massacre a 3 de junho
No último dia 3 de junho as forças de segurança desalojaram violentamente os manifestantes que estavam acampados há dois meses em frente à sede do exército em Cartum para exigir a formação de um governo civil.
Aquela ação deu lugar a vários dias de violência nos quais morreram pelo menos 118 pessoas, segundo a oposição, e 61, de acordo com o Governo, o que rompeu as negociações entre militares e opositores, que só voltaram a conversar após a intermediação da União Africana e da Etiópia.
A junta militar e as Forças para a Liberdade e a Mudança, que aglutina a maioria das forças políticas contrárias ao regime anterior, alcançaram um acordo em 5 de julho para formar um conselho formado por cinco civis, cinco militares e um civil pactuado entre todos.
Ambas partes preparam ainda o texto definitivo do acordo, que deveria ter sido assinado na quinta-feira passada (10.07), mas ainda está pendente de ratificação, algo que poderia acontecer nas próximas horas.