Sudão: Acordo de paz definitiva será assinado a 2 de outubro
6 de setembro de 2020O acordo de paz entre o Governo sudanês e vários grupos rebeldes, alcançado em agosto, será definitivamente assinado em 2 de outubro na cidade de Juba, no Sudão do Sul. A informação foi avançada este domingo (06.09) por Tutkew Gatluak, responsável pela mediação e conselheiro do Presidente do Sudão do Sul em assuntos de segurança.
Segundo a agência noticiosa sudanesa SUNA, Tutkew Gatluak assegurou que a "assinatura final" vai ocorrer no próximo mês para formalizar o desmantelamento dos grupos armados e a sua integração às forças sudanesas.
As autoridades de transição sudanesas e vários líderes da Frente Revolucionária de Libertação (RLF), que inclui grupos rebeldes, rubricaram um acordo de paz histórico em 31 de agosto com o objetivo de pôr fim a quase duas décadas de um conflito responsável pela morte de milhares de pessoas.
O acordo aborda questões como a segurança, propriedade da terra, justiça transitória, reparações e compensações, desenvolvimento do setor nómada e pastoral, partilha de riqueza e poder e o regresso de refugiados e pessoas deslocadas.
Cessação de hostilidades
Criada em 2011, a Frente Revolucionária de Libertação é uma aliança de cinco grupos armados e quatro movimentos políticos do Darfur, Kordofan do Sul e Nilo Azul. Vários acordos de paz anteriores fracassaram, como o de Abuja, na Nigéria, em 2006, e o de 2010, no Qatar.
O primeiro-ministro sudanês, Abdullah Hamdok, assinou na sexta-feira um acordo de "cessação de hostilidades" com o Movimento Popular de Libertação do Sudão-Norte (SPLA-N), de Abdelaziz al-Hilu, um dos dois últimos grupos rebeldes - juntamente com o Movimento de Libertação do Sudão (SLM), de Abdelwahid Nour - que se recusou, nesta fase, a aderir ao acordo de Juba.
A paz com os movimentos rebeldes é a prioridade do Governo de transição do Sudão, que chegou ao poder após a queda do autocrata Omar al-Bashir, em abril de 2019, após meses de protestos populares.
Em Darfur, a guerra começou em 2003 e fez pelo menos 300.000 mortos e 2,5 milhões de deslocados nos primeiros anos, de acordo com as Uniões Unidas.