Sudão: Cessar-fogo só após retirada de paramilitares
1 de janeiro de 2024"Tem havido muitos apelos para que não haja guerra, para negociações para a procura de formas e meios de parar a guerra [que dura há mais de oito meses]. Dizemos que só há uma maneira de acabar com a guerra: a retirada das milícias rebeldes do estado de Al-Jazira e das restantes cidades do Sudão", disse o general das Forças Armadas Sudanesas, que lidera de facto o país, no discurso do 68.º aniversário da independência do país africano.
Numa rara intervenção pública, al-Burhan afirmou que os membros das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), grupo paramilitar liderado por Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como 'Hemedti', devem "devolver todo o dinheiro e propriedades dos cidadãos e bens do Estado saqueados".
Também pediu que as RSF deixem as casas que tomaram aos cidadãos, bem como a sede do Governo.
"Qualquer cessar-fogo que não garanta o mencionado não terá valor, uma vez que o povo sudanês não aceitará viver entre estes assassinos e criminosos e aqueles que os apoiaram", indicou.
As declarações de al-Burhan surgem duas semanas depois de o Ministério de Negócios Estrangeiros sudanês ter dito que o general do exército do Sudão estava disposto a reunir-se com Hemedti.
Os confrontos, que começaram em abril, seguiram-se a meses de tensão entre al-Burhan e Hemedti, depois de terem conduzido um golpe militar que derrubou um Governo civil de transição apoiado pelo ocidente, e já provocaram mais de 12 mil mortos e seis milhões de refugiados.
A incapacidade do exército sudanês e das forças paramilitares de chegarem a um consenso sobre forças militares regularizadas, diferendo na origem do conflito, tem sido criticada pela sociedade civil.