Sudão do Sul: Oposição acusa o Governo de violar cessar-fogo
24 de dezembro de 2017No Sudão do Sul, o principal grupo rebelde, liderado pelo ex-vice-Presidente Riek Machar, acusou as forças de segurança do Governo de violar o cessar-fogo horas depois de o acordo ter entrado em vigor, este domingo (24.12).
O porta-voz da oposição, Lam Paul Gabriel, disse por meio de um comunicado que as tropas governamentais "bombardearam" bases dos oposicionistas no município de Yei e realizaram um ataque em Koch, na manhã deste domingo.
Ainda segundo Gabriel, as forças do Governo estariam a caminho da cidade de Wau para mais um ataque. "É questão de tempo para que ataquem nossas posições", afirmou.
O porta-voz do Governo do Sudão do Sul, Ateny Wek Ateny, declarou à agência de notícias Associated Press que as forças governamentais só agiriam em legítima defesa. "Como poderíamos violar o cessar-fogo? Isto acabou de entrar em vigor. Só podemos atacar em legítima defesa".
Estas seriam as primeiras violações do cessar-fogo que entrou em vigor nas primeiras horas deste domingo. O Governo e as facções rebeldes concordaram em pôr fim às hostilidades na passada quinta-feira após dias de mediação internacional, em Adis Abeba, na Etiópia.
"Defesa das posições"
O Presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, anunciou oficialmente no sábado (23.12) a cessação das hostilidades em todo o país. Em decreto presidencial divulgado pela televisão estatal, Kiir ordenou que todas as forças governamentais ponham fim às hostilidades e continuem em suas posições. Além disso, pediu ao chefe do Estado-Maior que faça um relatório sobre todas as unidades para que se comprometam com a decisão.
Na sexta-feira, o ex-vice-Presidente e líder da oposição armada sul-sudanesa, Riek Machar, ordenou que suas tropas parassem imediatamente os ataques, segundo o que foi definido em Adis Abeba.
Machar destacou em comunicado que o grupo se comprometia ao que havia sido estipulado e ressaltou que o acordo somente será rompido em caso de "defesa das posições". O acordo foi assinado sob a mediação da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD).
O Sudão do Sul sofre com uma guerra civil desde dezembro de 2013 entre as forças de Kiir, da etnia dinka, e as de Machar, da tribo nuer. Ambas as partes chegaram a um acordo de paz em agosto de 2015, que levou à criação de um Governo de unidade nacional, mas a violência voltou em julho de 2016.
O conflito já deixou milhares de mortos e levou o país à beira da fome, com 7,6 milhões de pessoas necessitadas de ajuda, seis milhões sem acesso a alimentos suficientes e quatro milhões de deslocados.