Oposição sul-sudanesa pede mais tempo para acordo de paz
21 de abril de 2019Em declarações à agência de notícias Associated Press, o vice-presidente da oposição, Henry Odwar, disse que a extensão é necessária porque a situação de segurança ainda não é adequada.
Por seu turno, o Governo do Sudão do Sul rejeita a ideia de uma prorrogação, levantando ainda mais preocupações entre os observadores de que o acordo de paz assinado em setembro poderia desmoronar. O acordo encerrou cinco anos de guerra civil que matou quase 400 mil pessoas e provocou a fuga de outras milhões.
Poderia haver um "vácuo constitucional" se o líder da oposição Riek Machar não retornar ao Sudão do Sul como programado para formar o Governo de transição que deve culminar em eleições, disse o porta-voz do Governo, Ateny Wek Ateny.
Doze de maio é o prazo para Machar regressar ao país e mais uma vez assumir o cargo de vice-Presidente de Salva Kiir, um acordo que mais de uma vez terminou em violência.
Preocupações da oposição
A oposição expressou "preocupações sérias" sobre o acordo. Seria uma "receita para o desastre" se Machar retornasse sem medidas de segurança, disse sua esposa, Angelina Teny.
O comité encarregado de supervisionar as etapas iniciais do acordo de paz considerará a solicitação de extensão de seis meses na próxima quarta-feira (24.04), de acordo com a oposição. O comité é formado por membros do Governo e vários partidos da oposição.
Este último acordo de paz foi marcado por atrasos e contínuos combates em partes do país, com aspetos importantes ainda a serem implementados: as fronteiras internas do Sudão do Sul ainda não foram traçadas, um exército nacional unificado não foi formado.
Alan Boswell, analista sênior do International Crisis Group, alertou que o acordo "parecerá muito frágil se Kiir formar unilateralmente um novo Governo sem Machar".
Os sul-sudaneses já estão preocupados com a possível violência no próximo mês, disse um relatório recente da Organização de Capacitação da Comunidade para o Progresso, um grupo de defesa local. Sem mensagens claras dos líderes dos partidos, o risco de os cidadãos entrarem em pânico é alto.