Sudão do Sul: Presidente anui para formar governo
15 de fevereiro de 2020O Presidente do Sudão do Sul anunciou este sábado (15.02) que o país voltará a ter apenas dez estados, uma exigência feita pela oposição, abrindo o caminho para a formação de um governo de unidade e o fim da guerra civil. "Acabamos de assumir um compromisso no interesse da paz (...), espero que a oposição faça o mesmo", disse o Presidente Salva Kiir, após uma reunião altos funcionários do Governo e militares, em Juba.
"Esta decisão pode não ser a melhor escolha para o nosso povo, mas será para a paz e a unidade do país e a Presidência considera-a necessária", afirmou o Governo sul-sudanês num comunicado.
Salva Kiir e o líder rebelde Riek Machar estão sob pressão para resolver as suas diferenças até 22 de fevereiro, quando deverá ser formado um governo de unidade nacional como parte do acordo de paz.
O número de estados regionais e o delineamento de suas fronteiras foram os principais obstáculos nas negociações para a formação desse governo.
Já por duas vezes, Kiir e Machar falharam em cumprir o prazo determinado para formar um governo de unidade e encerrar uma guerra civil que matou mais de 380.000 vidas desde 2013 e causou uma crise humanitária catastrófica.
Quando conquistou a independência do Sudão em 2011, o Sudão do Sul tinha apenas dez estados, de acordo com sua Constituição. Kiir aumentou para 28 estados em 2015 e depois para 32, uma medida e vista como uma maneira de o Presidente aumentar o número de aliados colocados em cargos de responsabilidade.
As conversações realizadas na semana passada, na Etiópia, não conseguiram resolver as suas diferenças, mas o anúncio feito este sábado (15.02) pelo Presidente Kiir respondeu a uma das principais exigências de Machar. Riek Machar ainda não reagiu ao anúncio do Presidente Salva Kiir.
O Sudão do Sul entrou em guerra civil em 2013 quando Kiir, da etnia dinka, acusou Machar, o seu ex-vice-Presidente, da etnia nuer, de planear um golpe de Estado. A assinatura de um acordo de paz em setembro de 2018 reduziu os combates no Sudão do Sul, mas a comissão de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) lamentou o aumento da violência armada e dos abusos dos direitos humanos nos últimos meses.