Surto de cólera mata 14 pessoas na Zambézia
17 de abril de 2015Na Zambézia, o número de óbitos causados pela epidemia de cólera tem vindo a aumentar de forma gradual: já morreram 11 pessoas na cidade de Quelimane, e três no distrito de Gurué.
Os números foram avançados na terça-feira (14.04) pela Diretora Provincial da Saúde da Zambézia, Luísa Cumba, que não tem uma previsão para o fim da doença: “Não sabemos quando é que esta epidemia vai acabar, apesar das campanhas de sensibilização que estamos a levar a cabo e das medidas que estamos a tomar.”
Desde fevereiro foram internados mais de dois mil pacientes nos centros de tratamento de cólera, que já começam a ficar sobrelotados. “Precisamos de condições para acomodar mais doentes”, afirma Luísa Cumba.
Os dados oficiais incluem apenas os casos que foram diagnosticados nos postos de saúde, mas muitos outros pacientes perderam a vida antes de se conseguirem deslocar aos hospitais.
“O grande problema é que as pessoas estão a chegar às unidades sanitárias quando a doença já está avançada. Por isso, pedimos à população que se dirija imediatamente aos hospitais caso tenha sintomas, para que possamos iniciar rapidamente o tratamento”, apela Luísa Cumba.
A população exige que sejam tomadas medidas
A Diretora Provincial da Saúde da Zambézia revelou que estão a ser mobilizados recursos humanos e materiais para desinfetar e tratar a água nos bairros mais afetados pela cólera, de modo a evitar a propagação da doença.
Ainda assim, a população desta província considera que as medidas tomadas não são suficientes. Há muito lixo acumulado nas ruas, deficientes condições sanitárias, e muitas pessoas bebem água imprópria e não tratada nas regiões mais distantes. Os cidadãos queixam-se ainda da falta de medicamentos disponíveis nos hospitais.
As previsões não são animadoras, e não se sabe quando é que a Zambézia irá conseguir travar este surto.
A “doença das mãos sujas”
A cólera é transmitida através de água e alimentos contaminados, e provoca diarreias agudas e desidratação, podendo ser fatal se não for tratada a tempo. A falta de higiene pessoal e as más condições sanitárias potenciam o contágio, pelo que é frequentemente apelidada de “doença das mãos sujas”.
O atual surto surgiu como consequência das cheias que assolaram Moçambique e que desalojaram 20 mil pessoas só na Zambézia. Esta foi quarta província a registar casos da doença, que também foi diagnosticada nas de Tete, Nampula e Niassa.
Moçambique é ciclicamente atingido pela epidemia de cólera na época das chuvas, que tem o seu pico no início de cada ano. Dezenas de pessoas são anualmente vítimas da doença.