Surto de ébola coloca em perigo a economia da Libéria
11 de agosto de 2014
A economia da Libéria corre o risco de mergulhar na recessão como consequência do surto de ébola, alertam economistas. A maioria das empresas estrangeiras já retirou o seu pessoal da Libéria, os voos para o país estão suspensos e os funcionários do Governo cumprem uma pausa obrigatória de 30 dias.
Entre abril e junho deste ano, o surto de ébola já custou à economia do país 12 milhões de dólares, segundo o ministro das Finanças, Amara Konneh. O abrandamento dos negócios também já está a ser sentido pelos comerciantes locais.
Miatta Sherif vende roupas em segunda mão no Mercado de Duala, nos arredores de Monróvia, a capital da Libéria e disse à reportagem da DW África que "desde que esta crise do ébola começou, os negócios estão muito, muito lentos. É esta a crise que agora enfrentamos.”
Mãe de duas crianças, a comerciante está preocupada com a falta de clientes. Desde o início do surto de ébola, há quatro meses, os seus rendimentos caíram drasticamente. “Por enquanto, o negócio está parado e o mercado é muito caro, diz Sherif para acrescentar em seguida que as " pessoas estão a pensar em como podem conseguir comida. E muitas estão a comprar comida para guardá-la em casa. Por isso, as pessoas não estão a prestar muita atenção à roupa”, conclui.
George Wlehgbe é outro comerciante afetado pela crise. Vende sapatos importados, chinelos e malas de senhora. “Desde que começaram as notícias sobre o ébola, os negócios têm andado lentos", conta. Segundo o vendedor, "algumas pessoas agora nem sequer querem comprar. Algumas têm medo de gastar o seu dinheiro. Preferem poupá-lo.”
Impacto devastador
Para o economista liberiano Samuel Jackson, o impacto da epidemia de ébola na economia é devastador. "Os hotéis e os restaurantes já estão a ser diretamente atingidos. As concessões também são afectadas porque a sua contribuição para o Produto Interno Bruto (PIB) em termos de exportação vai diminuir. O maior impacto será sobre o poder de compra dos liberianos", afirma.
Segundo Samuel Jackson, se a doença continuar por mais de 90 dias, as dificuldades económicas dos que já são pobres irão aumentar, podendo resultar em fome, desnutrição e desemprego.
O economista explica como é que essas consequências económicas negativas podem ser mitigadas: “Antes de mais, é necessária ajuda alimentar de emergência para estabilizar a situação e algum dinheiro para programas de criação de trabalho. E também é preciso aumentar a remuneração dos profissionais de saúde e outras pessoas que trabalham na linha da frente: a polícia e outras forças militares.”
A vendedora Miatta Sherriff está entre os muitos liberianos que já começaram a sentir o aumento dos preços dos transportes causado pelo surto de ébola. Segundo a comerciante, desde que a crise começou, os transportes subiram. "Pago mais para vir para cá e voltar para a minha casa”, sublinha.