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PolíticaSão Tomé e Príncipe

São Tomé e Príncipe: Cinco mortos em tentativa de golpe

25 de novembro de 2022

Cinco pessoas morreram numa alegada tentativa de golpe de Estado, neutralizada pelas Forças Armadas de São Tomé e Príncipe. Os advogados do ex-presidente da Assembleia Nacional Delfim Neves, detido, temem pela sua vida.

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Patrulhas em São Tomé após a tentativa de golpe de EstadoFoto: Ramusel Graca/DW

Uma alegada tentativa de golpe de Estado em São Tomé e Príncipe foi neutralizada pelas forças leais ao Governo.

A tentativa de derrube do Governo ocorreu na madrugada desta sexta-feira (25.11) entre as 00.45 horas e as 05:00 horas da manhã, e culminou com a apreensão de quatro mercenários do antigo batalhão Búfalo, que viriam a morrer depois de terem sido detidos. Entre eles destaca-se Arlécio Costa, antigo oficial do 'batalhão Búfalo' que foi condenado em 2009 por uma alegada tentativa de golpe de Estado.

A informação foi avançada pelo vice-chefe de Estado Maior das Forças Armadas, brigadeiro Armindo Silva, que disse à imprensa ainda não estar em situação de avançar pormenores: "Temos a equipa forense da Polícia Judiciária. Eles saberão depois da autópsia se foi através da bala ou outra razão".

Sao Tomé und Principe | Arlecio Costa
Não se sabe ainda como morreram os quatro alegados golpistas, entre os quais Arlécio Costa Foto: Ramusel Graça/DW

Primeiro-ministro considera que o seu Governo era o alvo

O primeiro-ministro Patrice Trovoada, que se reuniu com o Procurador-Geral da República, Kelve Nobre de Carvalho, a ministra da Justiça, Ilza Amado Vaz, e o ministro da Defesa, Jorge Amado, pediu uma investigação exaustiva do caso.

Segundo informações divulgadas pelo chefe do Governo, cerca das 00:40 locais, quatro homens, civis, assaltaram o quartel na capital são-tomense, alegadamente com a cumplicidade de militares. Os atacantes fizeram refém o oficial de dia, que ficou gravemente ferido após agressões, mas encontra-se livre de perigo.

Entende o primeiro-ministro são-tomense que objetivo desta operação visava derrubar o seu Governo.

"O quartel foi atacado, o quartel defendeu-se, e o quartel e as Forças Armadas têm a obrigação de esclarecer se há outras ramificações no seio das Forças Armadas ou não", disse Trovoada.

Sao Tomé und Principe | Armindo Silva
Armindo Silva, vice-chefe do Estado Maior das Forças Armadas Foto: Ramusel Graça/DW

Advogados de Delfim Neves temem pela sua vida

Delfim Neves, antigo Presidente da Assembleia Nacional encontra-se detido no quartel-general das Forças Armadas. Um dos seus advogados, Hamilton Vaz, disse à agência de notícias Lusa temer pela vida do seu cliente, após a morte de quatro suspeitos.

Pedro Sequeira, membro da equipa de advogados de Neves, disse estranhar a intervenção do primeiro-ministro, uma vez que, na sua opinião, a situação de tentativa de golpe de Estado exige uma declaração do Presidente da República.

"O que vimos é o primeiro-ministro a imiscuir-se nas questões de justiça. Quando isso acontece, nós sabemos que o Estado de Direito está em perigo", afirmou.

A última vez que o país viveu um golpe de Estado consumado foi em fevereiro de 2003, quando antigos mercenários derrubaram o Governo da primeira-ministra Maria das Neves, quando o Presidente Fradique de Menezes se encontrava em visita à Nigéria.