Tanzanianos esperam mais que um pedido de perdão da Alemanha
3 de novembro de 2023Nduna Songea Mbano e 66 outros líderes da região de Songea, a sul da Tanzânia, foram executados por enforcamento durante a Rebelião Maji Maji, em 1906.
Especialistas estimam que cerca de 300.000 membros do povo Nguni morreram nesta guerra de resistência contra o domínio colonial alemão, conhecida por Maji Maji.
Mais de 100 anos depois, o Presidente Frank-Walter Steinmeier dá mão à palmatória. É o primeiro líder alemão a reconhecer os crimes coloniais do seu país.
"Pedido de desculpas é um primeiro passo"
As palavras proferidas por Steinmeier na quarta-feira (01.11) aliviam a família do chefe Songea Mbano e a comunidade, diz John Makarius Mbano.
"É um momento de cura para a nossa comunidade. Congratulamo-nos com o pedido de desculpas", acrescenta.
Para o historiador tanzaniano Mohammed Said, o pedido de desculpas é um primeiro passo.
"Não é humano enforcar pessoas e cortar-lhes a cabeça - e eles têm consciência disso. Por isso, ele veio pedir perdão e nós aceitámos, porque agora já perdoámos", argumenta.
Os restos mortais do chefe Songea e de tantos outros, na sua maioria crânios, foram trazidos para os museus alemães, onde estão até hoje. Mohammed Said salienta que como partes da demonstração de arrependimento alemão.
"Deviam devolvê-los com todas as honras para que possam ser enterrados de acordo com a tradição", exige.
Aguardando o repatriamento de crânio
John Makarius Mbano, descendente direto do chefe Songea Mbano, espera pela devolução dos restos mortais dos seus antepassados.
"São os nossos restos mortais e é nosso costume enterrar tudo e depois terminamos os nossos dias de luto. Não vamos acabar de chorar se não enterrarmos os nossos antepassados. É essa a nossa missão", esclarece.
Frank-Walter Steinmeier promete fazer tudo o que for possível para identificar e repatriar o crânio do chefe Songea Mbano.
Alguns círculos de opinião defendem uma indemnização do Governo alemão ao povo tanzaniano. O historiador Mohammed Said diz que este pedido tem mérito.
No entanto, este assunto não foi discutido entre a família e o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier.