Tchizé dos Santos "triste" com fim de Vida TV
18 de junho de 2021Em declarações à Lusa, a empresária Tchizé dos Santos afirmou: "O que se está a passar com os veículos de conteúdos e outros meios de comunicação suspensos e/ou encerrados por força da mudança da legislação proposta pelo partido MPLA e seu Governo, com o respaldo da maioria qualificada no Parlamento conseguida sabe-se lá como, é deveras lamentável num país onde o Governo havia prometido promover 500 mil empregos em 2017".
A operadora DSTv, detida pela sul-africana Multichoice, anunciou esta sexta-feira (18c.06) que vai retirar da sua plataforma a Vida TV, um dos três canais suspensos desde abril por decisão do Governo angolano, que invocou "inconformidades".
A Vida TV já tinha comunicado internamente a decisão aos seus colaboradores anunciando que vai fechar portas em 31 de julho, deixando no desemprego mais de 300 profissionais, na sequência da rescisão do contrato com a DSTv.
"Boicotes e perseguição financeira"
"É muita gente no desemprego, equipas inteiras de jornalistas, apresentadores, pessoal logístico. Preferia que ficassem com o canal e mantivessem os empregos", lamentou a filha do ex-Presidente de Angola.
Tchizé dos Santos garante ter cumprido o que estava estabelecido tendo em conta a legislação vigente na época em que o canal foi lançado (2018) e lamentou os "boicotes e perseguição financeira" por parte do Estado angolano.
"Foi mudada a lei propositadamente para obrigar todos os que quiserem emitir um canal de televisão passarem a ter que pagar aproximadamente um milhão de dólares norte-americanos, porém as leis e decretos não deviam ser retroativos e deviam ser respeitados os direitos adquiridos de quem já estava a operar à luz das regras anteriores", sublinhou.
"Nunca ninguém a viu por aqui"
Tchizé dos Santos, foi uma das investidoras iniciais da Vida TV, mas de acordo com uma fonte do canal, que pediu para não ser identificada, a filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos foi convidada a sair do projeto poucos meses depois do início da operação, "por causa dos seus interesses pessoais e políticos".
"Nunca tivemos nenhuma contribuição da senhora, nunca ninguém a viu por aqui e ninguém estava a trabalhar sob a sua orientação ou agenda, basta olhar para o conteúdo produzido. Mas ficámos pelo caminho por causa dessa infeliz associação", disse a fonte, sublinhando que "quem aqui está [Vida TV], só queria trabalhar, não quer saber de política".
À Lusa, Tchizé dos Santos considerou que os seus sócios foram pressionados a afastá-la na altura, para poderem manter o canal. "Hoje vê-se que nem isso bastou", comentou.