Tempestade Chalane: "A chuva bateu muito e a casa caiu"
5 de janeiro de 2021A tempestade "Chalane" passou na semana passada pelo centro de Moçambique e deixou mais de 15 mil pessoas desabrigadas. Segundo o último balanço na província de Manica, 3.431 casas desabaram. Dezenas de salas de aula foram destruídas. Sem dinheiro, muitos afetados perguntam como conseguirão reconstruir as suas vidas.
Chano Manecas diz que a sua casa desabou por completo com a passagem da tempestade. Agora, o pai de três filhos residente em Chimoio quer pôr mãos à obra e reconstruir a residência da família.
"A chuva bateu muito e a casa caiu", conta. Entretanto, já recebeu alguma ajuda. Produtos alimentares - arroz, feijão e óleo - e uma tenda. Contudo, precisa também de material de construção. "Estou à procura de material para poder fazer o trabalho, mas, com as chuvas assim, para apanhar dinheiro é muito difícil. Não trabalho, sou um biscateiro", explica.
Fátima João também já recebeu apoio alimentar do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), e agradece a ajuda. O próximo passo é reerguer a sua casa. "Vou continuar a fazer biscates. Dinheiro está difícil e não sei onde poderei conseguir um valor para a reconstrução", lamenta.
A agravar a situação, Fátima João está com problemas de saúde e tem a seu cargo nove crianças, incluindo netos e filhos. "Por esta razão não consegui mexer em nada da casa que caiu, nem tinha esperança de que iríamos comer", desabafa.
"Residências resilientes"
A tarefa de reconstrução é enorme. A governadora de Manica, Francisca Domingos Tomás, apela às comunidades a construírem casas melhoradas e resistentes a tempestades, face às mudanças climáticas.
"Na maior parte, são casas precárias que estão a desabar e precisam de muito apoio, mas também - para além do apoio que o Governo está a dar em termos de comida e lonas - nós estamos a apelar e aconselhar as famílias para que possam se reerguer construindo as suas residências melhoradas e resilientes", disse a governadora.
Tomás acrescentou que o Governo provincial apoiou aos deslocados em Gondola com víveres e lonas, porque "sofreram muito com o ciclone". A governante visitou na segunda-feira (04.01) várias famílias afetadas pela tempestade "Chalane" nos distritos de Gondola, Chimoio e Sussundenga.
Devido à carência financeira, os atingidos pela tempestade pedem doações de material de construção, não só ao Governo como também às organizações não-governamentais.