Tensão militar em Inhambane põe turismo em risco
9 de janeiro de 2014O Governo moçambicano tem apostado muito na divulgação do seu potencial turístico, focando sobretudo as praias e os safaris no país.
Por exemplo, a costa moçambicana oferece aos turistas de mergulho visões únicas do mundo subaquático. Daí que que nos últimos anos, Moçambique se tenha tornado num dos destinos preferidos dos mergulhadores.
O oceano junto à costa moçambicana serve de habitat a alguns dos maiores peixes do mundo: As raias-jamanta e os tubarões, entre eles o tubarão-baleia são vistos com frequência no Tofo, na província sul de Inhambane, tal como em outros pontos da costa moçambicana.
Mas, o atual clima de tensão político-militar entre o Governo e a RENAMO, maior partido da oposição, e o recente anúncio feito por este último concernente ao alargamento das hostilidades para o sul de Moçambique, poderá colocar em risco o turismo naquele PALOP, dizem especialistas.
Governo garante tranquilidade
Mas Martinho Muatxiwa, diretor nacional do Turismo, em entrevista à DW África, refuta em parte esta tese porque "durante a quadra festiva havia muitos turistas nos estabelecimentos do sul; Maputo, Gaza e Inhambane."
Para Muatxiwa a presença de homens da RENAMO no sul de Moçambique ainda não afecta o turismo: "Pelo menos até este momento não afetou. O Governo desde o principio tomou medidas de segurança públicas não só para os turistas estrangeiros, mas também para o cidadão nacional."
O facto de ainda não ter se registado nenhuma vítima tranquiliza o diretor nacional de turismo: "Por isso ainda não houve incidente digno de registo a qualquer cidadão estrangeiro. A questão continua localizada em Satungira."
Ainda sobre a presença da RENAMO em Homoine, em Inhambane, Muatxiwa considera que não passa de uma estratégia de pressão: "A RENAMO é um partido que pretende pressionar psicologicamente e outros elementos da sociedade por forma a atingir os seus objetivos."
Questionado se o alastramento das hostilidades para a províncvia de Inhambane afetaria o turismo, ele respondeu :"Os esfoços do Governo são no sentido de resolver a situação, o mais cedo possível."
O diretor do turismo garante ainda que está tudo calmo nas prais de Pomene, Bilene e Tofo: "Continua a funcionar, a polícia está lá, como normalmente, e não há nenhum alarme."
Já José Mucote, diretor da Rádio Save, uma estação parceira da DW localizada em Nova Mambone, também na província de Inhambane, em entrevista à DW Africa, admite que esse novo quadro poderá piorar a situação do turismo em Inhambane, já afetacada desde o desencadear do conflito na região centro do país: "O conflito na região centro já tinha influenciado negativamente o turismo na região de Inhambane e com esta situação de Homoine vai piorar."
Mucote recorda os feitos que trouxeram a posição dos homens da RENAMO EM Homoine: "Aliás, temos informações de que a partir do dia 31 de dezembro, quando começou a circular a informação da presença de homens armados em Homoine, muitos turistas que estavam em Vilankulo preferiram transferir-se para as ilhas e alguns conseguiram voltar para os lugares de proveniência, incluindo turistas nacionais."
Receios já afetam turismo
O diretor da Rádio Save não se mostra otimista quanto as consequências desta situação: "Certamente vai estrangular o desenvolvimento do turismo, assim como afugentar os turistas que frequentavam as praias de Inhambane."
A província de Inhambane é um dos destinos preferidos dos mergulhadores. Mas José Mucote lembra também que: "E a região que está mais próxima de Muxungué, que já era zona de conflito, e vem associar-se a esta situação de Homoine. E a RENAMO, segundo informações ainda não oficiais, terá dados orientações para o reagrupamento a nível nacional dos ex-guerrilheiors e isso vem criar um clima de terror que vai afugentar o turismo em Inhambane."
Mucote recorde os avanços conseguidos na área do turismo na sua província: "E Inhambane registou um grande desenvolvimento do turismo e tem muitas infraestruturas ligadas a essa área. Temos zonas de meregulhos, o arquipélado de Barazuto e as áreas de conservação, eram as zonas preferenciais ao nível da região."
Quanto aos operadores turísticos na região Mucote diz que ainda não conhece a sua posição, mas em conversa com alguns de Inhassoro e Vilankulo colheu o seguinte: "Tiveram cancelamentos de última hora e alguns retiraram-se das instâncias turísticas."
A DW África tentou ouvir alguns operadores turíticos em Inhambane, mas mostraram-se indisponiveis, pelo menos por enquanto.