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Trabalho infantil preocupa autoridades do norte de Moçambique

Eleutério Silvestre (Pemba)1 de agosto de 2014

Sem meios para combater o fenómeno do trabalho infantil na comunidade, as autoridades da província de Cabo Delgado estão preocupadas com casos de crianças obrigadas a trabalhar e que se dedicam ao comércio informal.

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Crianças trabalham muitas vezes no comércio informal para ajudar as suas famílias necessitadasFoto: DW/Johannes Beck

Apesar da legislação em Moçambique proibir oficialmente este tipo de trabalho, é comum nas ruas e avenidas de Pemba a presença de crianças vendendo bens de pequeno valor monetário.

"Vendo água todos os dias neste local, faço este trabalho para ajudar a família", diz Tomás, nome que usamos para preservar a identidade do adolescente.

Esta é uma justificação que se ouve com frequência. "Muitas das vezes, as famílias usam a criança para fazer algum trabalho para que elas possam ajudar no seu sustento", diz Benvida Natália, da Direção Provincial da Mulher e Ação Social em Cabo Delgado.

Natália afirma que a prevalência do trabalho infantil na região é preocupante. Contudo, é difícil combater o fenómeno, porque ele está diretamente ligado à situação de necessidade em que vivem muitas famílias.

"Fonte de renda garantida"

Para Aquimo Antumane, de 60 anos e pai de cinco filhos, é um orgulho os filhos trabalharem no comércio informal. Ele diz que isso garante o sustento da família e o futuro das crianças. Antumane nota que, hoje em dia, não há emprego mesmo para quem estudou.

Thema Kinder in Mosambik
Crianças recolhem pedras na berma da estrada no centro de MoçambiqueFoto: DW/Johannes Beck

"O comércio é uma atividade que, nas famílias, passa de geração em geração. É por isso que incentivo os meus filhos a trabalhar desde criança", afirma. "A criança que sabe fazer comércio não passa a vida a lamentar a falta de oportunidades de emprego porque tem a fonte de renda garantida."

Justiça é branda

Apesar dos pais serem responsáveis pelos filhos, não é hábito a Justiça puni-los. A ação da Justiça aplica-se mais a quem contrata crianças. Mesmo assim as penas não chegam a ser aplicadas. Virgílio Suty, inspetor-chefe de trabalho em CD, explica a situação.

"Ainda estamos em vias de desenvolvimento. Os nossos encarregados de educação também não trabalham", diz. "Somos obrigados a realizar algumas tarefas para tentar sustentar os nossos próprios irmãos."

O inspetor-chefe de trabalho explica que, excecionalmente, se admite trabalho leve a adolescentes a partir dos 16 anos, desde que ele não prejudique a sua saúde ou o seu desenvolvimento.

Entretanto, segundo Benvida Natália, a Direção Provincial da Mulher e Ação Social em Cabo Delgado promove campanhas comunitárias de mobilização e sensibilização para desencorajar o envolvimento de crianças no trabalho infantil.

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"Cabe-nos mais divulgar as leis que protegem os direitos da criança. Estou a falar do direito à educação, do direito à saúde, do direito ao lazer e do direito a uma família", diz.

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