Transporte de carvão em vagões abertos é perigoso?
24 de outubro de 2017Em uma audição pública que aconteceu no último mês, no município de Cuamba, na província do Niassa, a população mostrou grande preocupação com a poeira levantada pelo transporte de carvão mineral em vagões abertos. Os comboios passam muito perto das habitações, e os moradores temem por sua saúde.
O presidente do Conselho Municipal de Malema, Ângelo Fonseca, que também participou da audição como convidado, disse que está preocupado com a situação. "O carvão está ser transportado a céu aberto. Eu sou da opinião que aquele carvão seja transportado com cobertura de lonas, de modo que possa dar mais segurança à população que está ao longo do corredor. Em Malema, o comboio também passa pela vila. Nós também sentimos", revelou.
Os efeitos a longo prazo
Os comboios de carvão em vagões abertos passam "ao pé" da casa de Isidro Ismael, em Cuamba. Ismael está apreensivo com os efeitos da passagem desses comboios a longo prazo. "Sou uma das vítimas. Estou mesmo a alguns metros da linha férrea. É uma preocupação muito grave. Agora, pode até não parecer uma questão muito preocupante, mas, ao longo do tempo, haverá muitos efeitos negativos para a saúde daqueles que moram ao longo deste corredor. A forma como o carvão é transportado é realmente muito perigosa", contou o morador.
Outro munícipe que também teme os efeitos da poeira do carvão, Joaquim Patrício, disse em entrevista à DW que esta é "uma pedra no sapato, uma preocupação extremamente grande". Ele acredita que daqui há três ou cinco anos a população vai enfrentar situações de saúde pública, por causa da maneira como o carvão é transportado.
Nenhum risco à saúde
O edil de Cuamba, Filipe Zacarias, tranquilizou os munícipes afirmando que, em outros países, o carvão também costuma ser transportado em vagões abertos. O edil informou ainda que, depois de reuniões com especialistas do Corredor Logístico Integrado de Nacala (CLN) e do Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN), empresas ligadas ao transporte do carvão, ele ficou mais confiante. "Nós temos tido encontros regulares com a CLN e a CDN. Nesses encontros, nós também apresentamos essa preocupação, e eles asseguraram-nos de que o carvão não vai trazer nenhum risco secundário pelo fato de ser transportado sem cobertura", garantiu.
Sempre alerta
Ainda assim, o ambientalista na rede de organizações de desenvolvimento sustentável no Niassa, Faustino Faceira, avisou que é preciso ter cuidado. "Na verdade, nós estamos com uma situação de poluição do ar, em que os efeitos vão acontecer a longo prazo. E o ar, não sendo de qualidade, pode provocar muitas doenças", alertou.