Tunísia, Congo e Angola em destaque na imprensa de língua alemã
17 de agosto de 2012O diário de Berlim Berliner Zeitung lembra que a Liga dos Direitos Humanos da Tunísia, sindicatos e organizações feministas organisaram protestos em Túnis e Paris, contra um projeto de artigo da Constituição que consideram ameaçar a igualdade de género.
Tunísia: será a mulher "um apêndice do homem"?
"O apêndice do homem" - é esse o título do artigo, no qual se pode ler o seguinte: "O Estado está prestes a votar um artigo da Constituição que limita os direitos de cidadania da mulher sob o princípio da complementaridade com o homem, e não sob o princípio da igualdade. É esse o ponto de vista dos signatários de uma petição dirigida à Assembleia Nacional Constituinte. O texto sublinha que a mulher é cidadã ao mesmo título que o homem e não deve ser definida em função do homem".
O Jornal lembra ainda que: "Apesar do espírito progressista, inspirado pelo primeiro presidente da Tunísia independente, Habib Bourguiba, e apesar da lufada de ar fresco da Primavera Árabe de 2011, a sociedade tunisina continua a ser uma sociedade profundamente conservadora. Bem visto, nem sequer se pode dizer que Bourguiba era defensor da causa feminista. Ele apenas queria modernizar a Tunísia económicamente, e a igualdade entre homens e mulheres para ele era útil, apenas porque servia esse objetivo."
O jornal Frankfurter Allgmeine Zeitung, de Frankfurt no Meno, também se debruça sobre a questão: "Desde 1956 que existe uma lei tunisina que garante a completa igualdade entre homens e mulheres. Quando o partido islamita Ennahda venceu as eleições, em Outubro de 2011, o seu líder Raschid Ghannouchi salientara que não seria o seu intuito impor a lei islâmica. A realiade poderá ser diferente, uma vez que são muito fortes as pressões exercidas por círculos conservadores no seio do partido e da própria sociedade."
Extração de cobalto: No leste do Congo recorre-se a trabalho infantil
O jornal Neue Zürcher Zeitung, editado na cidade suiça de Zurique, publicou um vasto artigo sobre o cobalto que é extraído na República Democrática do Congo, e que constitui um imprescindível elemento para a produção de baterias e pilhas recarregáveis para telefones móveis, computadores portáteis e carros elétricos.
O jornal refere, nomeadamente: "As condições em que esse material é extraído é criticável, começando pelo facto das minas, situadas no leste do país, recorrerem ao trabalho infantil, sobretudo na vasta província de Katanga. Outro problema é o facto dos lucros, muitas das vezes, servirem para financiar as guerras sangrentas que se desenrolam naquela região. Das cerca de 98 mil toneladas de cobalto produzidas no ano de 2011, mais de metade eram provenientes da República Democrática do Congo. Canadá, China e Rússia são outros dos produtores, mas muito atrás daquele país africano. Uma coisa é certa: a procura deste material vai aumentar considerávelmente nos próximos anos, o que não deixa antevêr muitas melhorias nas condições de trabalho daqueles que trabalham nas minas congolesas. A não ser que os clientes pressionem os produtores: os clientes estão sobretudo nos Estados Unidos, na Europa e no Japão."
Angola: CEO inaugura nova fábrica da Nestlé
O jornal especializado em economia Financial Times Deutschland publica uma entrevista com o Chefe da multinacional suiça Nestlé, por ocasião da inauguração de uma nova fábrica da multinacional em Angola. Segundo refere o jornal, Paul Bulcke, o CEO belga da Nestlé, concedeu uma longa entrevista, porque o ministro angolano da Indústria chegou tarde à inauguração da fábrica em Luanda, no dia 7 de agosto passado.
O jornal cita ainda o chefe da multinacional suiça da seguinte forma: "'Angola é um dos países que mais cresce no mundo e em África. É por isso, para nós, um mercado estratégico. É um dos 21 paises africanos em que já estamos presentes. Temos que apostar em países como Angola e reagir assim a retrações em marcados europeus, como o espanhol e o grego."
Autor: António Cascais
Edição: António Rocha