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Tunísia prepara-se para uma nova era

20 de outubro de 2011

No próximo domingo, (23.10), os tunisinos vão às urnas para eleger uma Assembleia Constituinte. Um passo importante para garantir a transição do país de uma ditadura para uma democracia.

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Depois de 23 anos de presidência de Ben Ali, derrubado em Fevereiro último, a Tunísia vai poder ter agora uma nova Constituição e organizar eleições geraisFoto: picture-alliance/dpa

São mais de cem os partidos que participam nas eleições de domingo na Tunísia. Centro-esquerda, pan-arabismo socialista, socialismo científico são algumas das várias correntes representadas, mas apenas cerca de dez destes partidos poderão vir a integrar a Assembleia Constituinte, de acordo com as expetativas de vários observadores.

Há também listas de candidatos independentes, isto é, de pessoas que não estão ligadas a partidos políticos. A existência de tantos partidos não é incomum num período de transição política, diz Asiem El Difraoui, especialista tunisino da Fundação Ciência e Política: “Estes partidos muitos pequenos são, na verdade, um desenvolvimento perfeitamente normal depois de 30 anos de ditadura. Desde então formaram-se muitos grupos individuais com interesses muito diferentes."

Alianças partidárias

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A Tunísia vive um "boom" de partidos políticos. Quando se avizinham as eleições, o cenário político vai ganhando um configuração de várias tendênciasFoto: DW/Mabrouka Khedir

O especialista tunisino considera que as pessoas ainda não têm uma verdadeira cultura política para saber como se funda um partido maior. Mas Asiem El Difraoui está certo de que isso irá surgir: "Os partidos irão aliar-se - em parte já se aliaram - e o resultado final provavelmente será blocos políticos maiores.”

Já são visíveis três tendências. De um lado estão os jovens revolucionários e ativistas políticos que querem uma Tunísia ultra-moderna, mas que nunca fundaram um partido.

Depois há uma ala de funcionários do governo anterior que, durante o regime de Ben Ali, faziam parte da oposição interna, e que querem modernizar a Tunísia. E existe ainda o islamismo político, particularmente influente, e que é representado principalmente pelo Ennhada, o Partido do Renascimento, reprimido durante o governo de Ben Ali. As hipóteses desta força política nas eleições parecem boas.

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Os jovens foram os principais autores da revolução que ditou a mudança política na Tunísia. Estes intervieram não só através de manifestações, mas também através das redes sociaisFoto: DW-TV

Cisão partidária

Mas o partido está dividido, de acordo com Klaus Loetz, chefe da deldegação na Tunísia da Fundação alemã Konrad-Adenauer: “Há duas correntes no partido Ennhada. Uma segue mais o modelo turco e quer a separação entre a Igreja e o Estado. E a outra defende a unidade entre o Estado e a religião.”

Independentemente dos resultados que obtiverem nas eleições, está claro que todos os partidos se têm de preocupar com a economia. Melhorar as condições de vida das pessoas é o maior desafio para a política da Tunísia. Segundo Asiem El Difraoui, a economia tem sofrido com esta enorme reviravolta, e encolheu, o turismo ainda não recuperou.

O especialista tunisino da Fundação Ciência e Política lembra alguns pontos críticos da economia tunisina: "Ainda não foram criados postos de trabalho, o que também era uma das principais exigências dos revolucionários. Todos os partidos querem uma melhoria económica rápida.”

Sobretudo nas áreas rurais, onde a revolta contra o governo de Ben Ali começou, a economia está estagnada. Nesse aspecto, a revolta popular trouxe muito pouco. Para responder às exigências da revolução tunisina, as eleições para a Assembleia Constituinte são, por isso, vistas como um passo crucial.

Autora: Madalena Sampaio
Edição: Nádia Issufo/Cristina Krippahl