UA pede o afastamento de Kadhafi das negociações para resolver a crise líbia
1 de julho de 2011A décima sétima cimeira da União Africana (UA), que decorreu em Malabo, capital da Guiné-Equatorial, considerou esta sexta-feira, segundo e último dia dos trabalhos, que o líder líbio, Muammar Kadhafi, deve ficar afastado das negociações para resolver a crise no seu país. "Kadhafi não deve participar no processo de negociação", afirmou à agência noticiosa francesa AFP, Ramtane Lamamra, comissário para a paz e segurança da UA, ao citar o documento final aprovado na cimeira pan-africana.
Acordo-quadro vai ser agora apresentado pelos mediadores
Segundo Ramtane Lamamra, os chefes de Estado africanos combinaram um "acordo-quadro" que deve ser apresentado pelos mediadores da UA (África do Sul, Congo, Mali, Uganda e Mauritânia) "às partes líbias: o governo da Jamahiriya líbia e o Conselho Nacional de Transição", como destaca o texto.
Fontes da cimeira, disseram à imprensa que entre as propostas estão um cessar-fogo imediato, o acesso humanitário e uma transição com eleições democráticas.
Entretanto, momentos antes do termo da cimeira africana, os rebeldes líbios anunciaram que estavam dispostos a negociar com os colaboradores de Muammar Kadhafi se o líder líbio deixasse o poder.
"Se virmos que Kadhafi se retira, estamos preparados para cessar [as hostilidades] e negociar com os nossos irmãos que estão junto de Kadhafi", disse Mansour Sayf al-Nasr, coordenador em França do Conselho Nacional de Transição (CNT), o órgão político dos rebeldes.
Alemanha, garantiu ajuda humanitária ao CNT
Recorde-se, que na véspera, quinta-feira, o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle, garantiu uma ajuda humanitária concreta da Alemanha ao Conselho de Transição líbio.
No final dum encontro com o presidente do referido conselho, Mahmud Jibril, em Berlim, Westerwelle sublinhou ainda que a Alemanha manterá a pressão política e económica sobre o regime de Muammar Kadhafi até à queda do ditador líbio. Jibril agradeceu a oferta alemã, que permtirá "minorar o sofrimento de ambos os lados" no país norte-africano palco de uma guerra civil, afirmou. Além disso, pediu a Berlim que liberte, ainda antes do Ramadão, o mês de jejum dos muçulmanos, as verbas congeladas do regime líbio em contas de bancos alemães, no valor de 7,35 mil milhões de euros, para financiar os rebeldes.
Autor: António Rocha (com agências AFP / Lusa / DPA)
Edição: Márcio Pessoa