Ucrânia: Kiev alvo de ataques de mais de 20 drones
19 de dezembro de 2022A capital da Ucrânia foi hoje alvo de ataques de mais de duas dezenas de drones, informaram as autoridades locais, referindo que um ponto crucial de uma infraestrutura foi atingido.
O governo de Kiev disse na rede social Telegram que mais de 20 drones, de fabrico iraniano, foram detetados no espaço aéreo da capital, e pelo menos 15 foram abatidos.
Os últimos ataques fizeram pelo menos dois feridos e danos consideráveis em algumas das "infraestruturas básicas" em vários pontos da capital da Ucrânia, informou hoje de manhã o governador regional Oleksiy Kuleba, através do sistema de mensagens Telegram.
As forças russas "atacaram a capital com drones [aparelhos voadores não tripulados] Shahed [fabricados no Irão]. A defesa antiaérea funcionou. Até ao momento, nove aparelhos não tripulados inimigos foram derrubados no espaço aéreo de Kiev", disse a Administração Militar da capital ucraniana.
De acordo com o portal do jornal Ukrainska Pravda ocorreram fortes explosões na zona central de Kiev, referindo-se aos eventuais disparos das defesas antiaéreas da Ucrânia.
A Rússia tem como alvo infraestruturas energéticas, como parte de uma estratégia para tentar deixar a população sem forma de se aquecer.
Na sexta-feira (16.12), a capital da Ucrânia foi atingida por um ataque em grande escala da Rússia. Dezenas de mísseis foram lançados em todo o país, causando falhas generalizadas de energia.
Sistema de aquecimento
O ataque russo, esta manhã, contra a cidade de Kiev, com drones, ocorreu horas depois de as autoridades locais terem restabelecido o sistema de aquecimento da cidade destruído pelos bombardeamentos anteriores.
O presidente da autarquia de Kiev, Vitali Klitschko, confirmou várias explosões nos distritos de Solomianskyi e Shevchenkivskyi assinalando que os serviços de emergência estão a operar nos pontos atingidos até porque os ataques provocaram vários incêndios.
O autarca confirmou no domingo o restabelecimento do sistema de aquecimento em toda a cidade desconhecendo-se ainda se - depois dos últimos ataques - a rede vai voltar a funcionar.
Segundo Serhiy Popko, chefe da Administração Militar de Kiev, as forças de defesa antiaérea neutralizaram um total de 15 drones de fabrico iraniano, nas últimas horas.
Os ataques
De acordo com Popko, as forças russas atacaram Kiev "em duas fases": a primeira prolongou-se durante cerca de três horas e outra posterior que durou 25 minutos.
"A capital resistiu a várias ondas de ataques Shahed de fabrico iraniano. Detetaram-se mais de 20 drones inimigos no espaço aéreo de Kiev. As forças de defesa antiaérea destruíram cerca de quinze", indicou o chefe da Administração militar.
"Uma infraestrutura crítica foi atingida. Os serviços de emergência estão a ocupar-se das consequências. Ainda estamos a tentar confirmar informações sobre vítimas e os efeitos da destruição", acrescentou Popko.
As forças de Moscovo atacaram a Ucrânia com drones Shahed-136/131 de fabrico iraniano na noite de domingo e durante a madrugada sendo que "30 aparelhos não tripulados foram destruídos pelas Forças de Defesa da Ucrânia".
Novo pacote de artilharia para a Ucrânia
O primeiro-ministro (PM) britânico anunciará esta segunda-feira (19.12) um novo pacote de artilharia para a Ucrânia na cimeira que se realiza em Riga pela chamada Força Expedicionária Conjunta, que reúne doze países nórdicos, bálticos e do norte da Europa.
Rishi Sunak viajará para a Letónia para participar da segunda reunião presencial do JEF na segunda-feira, na qual apelará aquele grupo para que mantenha ou aumente a sua ajuda militar à Ucrânia em 2023, segundo comunicado do seu gabinete em Downing Street.
Ao mesmo tempo, o PM britânico também confirmará o fornecimento de "centenas de milhares de projéteis de artilharia" no próximo ano à Ucrânia, sob a égide de um contrato de 250 milhões de libras (286 milhões de euros) que "garante o fluxo constante de munições de artilharia" durante 2023.
O primeiro-ministro, que lembra que o Reino Unido é o maior fornecedor europeu de ajuda militar defensiva ao Exército ucraniano, refere no comunicado que já informou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, do novo pacote de ajuda na semana passada.
O Reino Unido lidera há pouco mais de cinco anos a chamada Força Expedicionária Conjunta (JEF), que inclui Suécia, Finlândia e sete países do norte da Europa membros da NATO.
Cooperação militar
No encontro, os líderes vão abordar as capacidades defensivas exigidas pela Ucrânia, especialmente a defesa aérea, e acelerar a cooperação militar entre os membros do grupo, especialmente o apoio à Suécia e à Finlândia antes da entrada destes dois países na NATO.
"Para alcançar a paz, devemos deter a agressão. Os nossos esforços conjuntos na região são vitais para garantir que seremos capazes de responder às maiores ameaças", disse Sunak, de acordo com a nota.
Após a sua participação na cimeira do JEF, Sunak seguirá para a Estónia, onde passará em revista as tropas britânicas naquele país e assinará um novo acordo de parceria tecnológica com o primeiro-ministro Kaja Kallas.
O acordo permitirá "acelerar a pesquisa e a inovação digital em ambos os países", além de fortalecer a cooperação em saúde, educação, segurança cibernética, dados e conectividade, segundo Downing Street.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia contra a Ucrânia já forçou a deslocação de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados das Nações Unidas, que classificam esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.