Ucrânia: Cresce a necessidade de ajuda humanitária
27 de abril de 2022Enquanto o Presidente russo, Vladimir Putin, e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, se reuniam esta terça-feira (26.04) em Moscovo, os ataques prosseguiam nas regiões mais a leste na Ucrânia.
O alerta foi feito pelo porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Bhanu Bhatnagar, a partir de Rivne, uma região na Ucrânia perto da fronteira com a Bielorrússia.
"Verificámos mais dois ataques a instituições de saúde, então já totalizámos 164 ataques a [instalações de] saúde até agora… E 73 mortes como resultado desses ataques, bem como 52 feridos", avançou.
Este representante da OMS – que condena os ataques – lembra que a destruição de instalações médicas priva milhares de pessoas de tratamentos de emergência e cuidados preventivos, como vacinas, essência sobretudo em tempos de pandemia.
Ajuda humanitária cada vez mais necessária
Entretanto as necessidades das populações na Ucrânia continuam a aumentar. De acordo com Jens Laerke, porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), "agora são necessários mais de 2,25 mil milhões de dólares norte-americanos para fazer face às necessidades dentro da Ucrânia".
Esse valor, segundo Laerke, é "mais que o dobro do valor solicitado quando lançámos um apelo no dia 1 de março (…)".
"O número estimado de pessoas que precisam de ajuda humanitária na Ucrânia também aumentou de 12 milhões para 15,7 milhões. O apelo visa ajudar 8,7 milhões dos mais afetados em todo o país", revelou o porta-voz do OCHA.
Via diplomática em Moscovo
Durante a sua visita a Moscovo, esta terça-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, propôs a criação de um grupo trilateral com a Rússia e a Ucrânia com o objetivo de resolver questões humanitárias em cidades fortemente atingidas pela guerra.
Falando após um encontro com António Guterres em Moscovo, o Presidente russo Vladimir Putin expressou "esperança" de que as negociações diplomáticas possam acabar com a guerra na Ucrânia.
"Apesar do facto de a operação militar estar em curso, ainda esperamos ser capazes de chegar a acordos na via diplomática". Estamos a negociar, não rejeitamos [as conversações]", disse Putin.
Corte no fornecimento de gás
Entretanto, a partir desta quarta-feira (27.04), a Rússia vai deixar de fornecer gás à Polónia e à Bulgária. O corte no fornecimento tornado público pelos dois estados-membros da NATO e da União Europeia representa uma escalada no aprofundamento da divisão entre o Ocidente e Moscovo.
Por outro lado, o ministro de Economia e Energia alemão, Robert Habeck, anunciou na terça-feira que a Alemanha vai deixar de precisar de petróleo russo dentro de dias, anunciando uma redução de dependência dessa matéria-prima de 35% par 12%.
Enquanto isso, a ajuda dos países aliados continua. Os Países Baixos informaram que vão fornecer à Ucrânia "um número limitado" de tanques de guerra e outra artilharia pesada, enquanto a Alemanha irá assegurar a formação dos militares ucranianos para a utilização destes veículos blindados.
Consequências globais
As consequências da guerra continuam a contaminar a economia global. O Grupo do Banco Mundial acaba de avisar que o elevado preço de matérias-primas, energia e alimentos, vai manter-se até finais de 2024 devido à guerra na Ucrânia.
Segundo o economista sénior daquela organização Peter Nagle, a invasão da Ucrânia "reflete em grande parte o facto de que tanto a Rússia quanto a Ucrânia são grandes exportadores de matérias-primas".
"Esperamos que os preços da energia subam cerca de 50 por cento em 2022 em relação ao ano passado. Portanto, um grande aumento. E particularmente no caso do petróleo bruto, o preço de referência deve ficar em média à volta dos 100 dólares por barril (…). No caso do gás natural, esperamos que os preços dupliquem em 2022 em relação ao ano passado, e isso reflete a importância da Rússia como exportador de gás natural, principalmente para a Europa", avançou.