1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Ucrânia: Governo prevê nova ofensiva russa no leste do país

tms | com agências
5 de abril de 2022

Moscovo está a preparar novos ataques no leste da Ucrânia. É o que diz Kiev, que organiza a retirada de civis de várias zonas através de sete corredores humanitários. A operação inclui a cidade sitiada de Mariupol.

https://p.dw.com/p/49T4I
A Rússia está a concentrar cada vez mais os seus esforços no leste ucranianoFoto: Alexander Ermochenko/epa/picture alliance

O Estado-Maior da Ucrânia disse esta terça-feira (05.04) que a Rússia está a reagrupar as suas tropas e a preparar uma ofensiva em Donbass, no leste do país.

"O objetivo é estabelecer o controlo total sobre o território das regiões de Donetsk e Luhansk", refere uma atualização publicada na página do Estado-Maior na rede social Facebook.

A retirada das tropas russas foi concluída e os militares estão a dirigir-se para a cidade russa de Valuiki, na província de Belgorado, disse o Estado-Maior. A atualização refere ainda que é notório "o movimento de colunas de armas e equipamentos militares no território da República da Bielorrússia" e que "uma grande parte" dos aviões e helicópteros russos foi transferida de aeródromos da Bielorrússia para a Rússia.

O Estado-Maior acredita que, nas regiões de Donetsk e Luhansk, os militares russos estão a concentrar esforços para tentar conquistar as cidades de Popasna e Rubizhne, bem como estabelecer o controlo total sobre Mariupol.

Ukraine Krieg l Satellitenaufnahmen von Butscha
A destruição em Busha registada por satéliteFoto: Maxar Technologies/REUTERS

Mais bombardeamentos

Outras cidades e localidades nas duas regiões estão sujeitas a bombardeamentos contínuos, refere a atualização.

O Estado-Maior acusou as tropas russas de atacarem a cidade de Nikolaev, no sul, perto da costa do Mar Negro, com bombas de fragmentação proibidas pela convenção de Genebra. "Habitações civis e instalações médicas, incluindo um hospital infantil, foram atacados pelo inimigo. Há mortos e feridos, incluindo crianças," refere.

As tropas russas também continuam a bloquear a cidade de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, de acordo com o Estado-Maior.

Casa Branca alerta para guerra "longa"

Os Estados Unidos consideram que a Rússia está a "reavaliar os seus objetivos" na Ucrânia e pode estar a planear um conflito "longo" concentrado no leste e em parte do sul, ao invés de tentar invadir o país inteiro.

"Acreditamos que a Rússia está a reavaliar os seus objetivos de guerra. Estão a reposicionar as suas forças para concentrar as suas operações ofensivas no leste da Ucrânia e em parte do sul, em vez de atacar a maior parte do território", explicou o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, em conferência de imprensa.

Segundo o conselheiro do Presidente norte-americano, Joe Biden, a Rússia "tentou subjugar toda a Ucrânia e falhou". Mas alertou que esta nova fase da ofensiva militar russa "pode durar meses ou mais".

No entanto, segundo Washington, Moscovo irá manter "os ataques aéreos e disparos de mísseis no resto do país para causar danos militares e económicos e também, claramente, semear o terror".

Polen | Hilfeleistung für Ukraine Flüchtlinge am Bahnhof Rzepin
Ponto de apoio para refugiados que chegam à PolóniaFoto: Irene Anastassopoulou/DW

Retirada de civis

Entretanto, o Governo ucraniano planeou para hoje a abertura de sete corredores humanitários para retirar cidadãos das áreas mais afetadas pelo cerco e bombardeamentos russos, anunciou a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, na rede social Telegram. 

O corredor mais importante é o que está entre Zaporijia e a cidade de Mariupol, cercada por tropas russas desde o início da invasão, a 24 de fevereiro, e que não dispõe de serviços básicos para atender a sua população. 

A cidade industrial e portuária, à beira do Mar de Azov, já teve quase meio milhão de habitantes e, atualmente, as autoridades garantem que apenas cerca de 160.000 permanecem. De acordo com as autoridades, quase 80% dos edifícios da cidade foram destruídos ou seriamente danificados pelos bombardeamentos russos.

Tropas russas dificultam a ajuda humanitária

Iryna Vereshchuk denunciou que, apesar dos compromissos alcançados com os russos, as "forças russas não permitem que as pessoas viajem para Mariupol", o que impossibilita a chegada de ajuda humanitária.

"Os ocupantes (russos) bloquearam os representantes do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em (cidade vizinha de) Mangush. Após as negociações, foram libertados na noite de segunda feira e enviados de volta à Zaporijia" sem ter alcançado o seu objetivo, assegurou a vice-primeira-ministra ucraniana.

Sete autocarros estão preparados para deixarem a cidade costeira de Mangush, no sul, em direção a Berdyansk, numa viagem que será acompanhada pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha. 

Infografik Welche Teile der Ukraine werden von russischen Truppen kontrolliert PT

"Crimes de Moscovo estão documentados"

O Presidente Volodymyr Zelensky rejeitou, esta madrugada, as "mentiras" russas sobre a manipulação dos mortos na cidade de Busha, e disse que "todos os crimes dos ocupantes estão documentados", um assunto que discutiu nesta segunda-feira com políticos ao redor do mundo e que continuará a abordar perante o Conselho de Segurança da ONU e o Congresso de Espanha esta terça-feira.

"Hoje foi um dia muito difícil. Emotivo", disse Zelensky, depois de visitar as cidades libertadas de Stoyanka, Irpin e Busha, nos arredores da capital Kiev.

"Esta área não parece com o que era ontem. Os corpos das pessoas assassinadas, os ucranianos assassinados já foram removidos da maioria das ruas. Mas nos quintais, nas casas, os mortos ainda permanecem", descreveu.

"Há informações sobre mais de 300 pessoas mortas e torturadas apenas em Busha. A lista de vítimas provavelmente será muito maior quando toda a cidade for revistada", acrescentou.

O massacre em Busha foi relatado pelas autoridades ucranianas depois da retomada da cidade às tropas russas. A comunidade internacional condenou as mortes de civis e pediu a responsabilização de Moscovo. O Kremlin, no entanto, nega as acusações.

Continuam ataques e bombardeamentos russos na Ucrânia

Saltar a secção Mais sobre este tema