Zelensky "disposto a falar com Putin, mas sem ultimatos"
12 de maio de 2022Volodymyr Zelensky disse esta quinta-feira (12.05), durante uma entrevista televisiva que será transmitida esta noite em Itália, que está disponível para conversar com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, "mas sem ultimatos".
"Estou disposto a falar com Putin, mas sem ultimatos", defendeu Zelensky na entrevista concedida ao canal público de televisão italiano RAI, a primeira a um meio de comunicação social de Itália desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.
Zelensky explicou que as negociações com Moscovo são complicadas porque "todos os dias os russos ocupam aldeias, muitas pessoas deixaram as casas, foram mortas pelos russos" e os cidadãos ucranianos estão a sofrer "torturas e assassínios".
Sem "uma saída para a Rússia"
O Presidente ucraniano defendeu que o exército russo deve deixar o país o mais depressa possível e responder pelo que fez, rejeitando que deva ser procurada "uma saída para a Rússia".
"Sei que Putin quer conseguir resultados. Mas ter de ceder alguma coisa para salvar a face do Presidente russo não é justo. A Ucrânia não vai salvar a face de ninguém pagando com os seus territórios", argumentou Zelensky.
Nesse sentido, garante que em nenhum momento considerou "reconhecer a independência da Crimeia", anexada pela Rússia em 2014, e sustenta que a Crimeia "sempre foi território ucraniano".
"A Ucrânia quer a paz. Quer coisas muito normais como respeito pela soberania, integridade territorial, tradições do povo, língua. Podem ser coisas triviais, mas foram violadas pela Rússia e devem ser devolvidas", insistiu o líder ucraniano.
Sobre a situação em Azovstal, o Presidente ucraniano disse que o Governo do seu país está fazendo "todo o possível". "Demos as informações aos russos. A Suíça e a Turquia estão envolvidas neste assunto, e também falei com o Presidente da Finlândia (Sauli Ninisto), que falará com Putin", declarou.
"O mundo está connosco"
Zelensky reconhece que o exército russo é "quatro vezes maior, o seu Estado é oito vezes maior", mas diz que os ucranianos são "10 vezes mais fortes como povo", porque estão no seu território.
"Para nós, a vitória é recuperar as nossas coisas. Para eles é roubar alguma coisa. Não estamos em pé de igualdade. A Rússia é mais forte, mas o mundo está connosco e sentimos que pouco a pouco estamos a avançar", explicou o líder ucraniano.
A entrevista de Zelensky acontece depois de o grupo Mediaset, pertencente à família do antigo primeiro-ministro Silvio Berlusconi, ter transmido uma entrevista com o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, em 1 de maio, a primeira num meio de comunicação social ocidental desde o início da invasão da Ucrânia.
A entrevista gerou grande polémica e foi criticada pelo atual primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, porque Lavrov fez declarações sem ser interrogado pelos jornalistas, tendo mesmo comparado o Presidente ucraniano ao ditador alemão Adolf Hitler pelas suas "origens hebraicas".
Adesão da Finlândia à NATO
Entretanto, Zelensky elogiou hoje a disponibilidade da Finlândia para aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) numa conversa telefónica com o seu homólogo finlandês, Sauli Niinistö.
"Elogiei a disponibilidade da Finlândia para se candidatar à adesão à NATO", escreveu Zelensky na rede social Twitter, ao relatar a conversa com Niinistö. "Também discutimos a integração europeia da Ucrânia. E a interação de defesa da Ucrânia e da Finlândia", acrescentou.
A conversa ocorreu poucas horas depois de Sauli Niinistö e a primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, terem manifestado o seu apoio à adesão do país nórdico à NATO. O pedido de adesão deverá ser anunciado oficialmente no próximo domingo.
"Ser membro da NATO vai reforçar a segurança da Finlândia. Como membro da NATO, a Finlândia vai reforçar a aliança no seu conjunto. A Finlândia deve ser candidata à adesão à NATO sem demora", afirmaram Sauli Niinistö e Sanna Marin, num comunicado conjunto.
Vários países, incluindo a Alemanha e a França, demonstraram apoio à Finlândia após o anúncio de adesão à aliança militar.