Ugandeses protestam conta o antigo e novo Presidente Museveni
11 de maio de 2011Nas eleições de fevereiro, Museveni terá recebido 70% dos votos, algo que numerosos conterrâneos seus têm dificuldade em aceitar. E muitos cidadãos saem à rua para protestar. O regime responde a tiro: até agora foram mortas dez pessoas em manifestações e centenas de outras ficaram feridas. Tudo isto num estado que até há pouco era considerado pelo ocidente como um país modelo em África. Mas muita coisa mudou em Campala, a capital do Uganda. Nesta metrópole, habitualmente pacata, veem-se hoje barricadas nas ruas e manifestantes que atiram pedras à polícia, que responde com tiros.
Protestos pacíficos dispersados com violência
Tudo começou com uma simples marcha de protesto. Uma aliança de grupos da oposição sugeriu à população que fosse a pé para o trabalho, não usando os transportes públicos, para, dessa forma, protestar contra o alto preço dos combustíveis. Mugisha Muntu, do Fórum para a mudança democrática, o mais importante partido de oposição no Uganda, também aderiu ao protesto. Agora deixa o seu carro em casa e vai a pé para o parlamento: “É claro que este não é um problema só do Uganda”, diz, “os preços sobem em todo o mundo”. Mas, acrescenta Muntu, os ugandeses têm outro problema: “O povo tem de apertar o cinto. Se o governo também fizesse o mesmo, nós não protestávamos. Mas ele não faz isso, pelo contrário. As pessoas sentem-se frustradas com a corrupção existente no nosso país. O governo não compreende o que se passa, porque há muito que perdeu o contacto com a população”.
Cidadãos queixam-se da subida do custo de vida
A cerimónia de retomada de posse de Museveni na quinta-feira, dia 12 de maio, é um bom exemplo. O presidente convidou 30 outros chefes de estado. A celebração vai custar mais de um milhão de dólares. E isto num país que está na bancarrota. Em certos hospitais já não há eletricidade nem água corrente; nas repartições públicas falta papel de máquina. Não obstante, o governo acaba de comprar novos caças para a força aérea. Cada um deles custou 750 milhões de dólares. É compreensível, portanto, que os ugandeses se sintam indignados, e este jovem que participou nas manifestações atirando pedras à polícia, não é exceção: “Os preços estão altíssimos” queixa-se. “O que é insuportável para os pobres como nós. Ao mesmo tempo o presidente organiza uma festa e gasta milhões de dólares – num único dia! Estamos fartos, queremos um novo governo. Ele governa há 26 anos e não mudou nada. Os países ocidentais têm de nos ajudar, como fizeram na Líbia”.
Porém, o Uganda não se pode comparar com a Tunísia, Egito, Líbia ou Síria, onde dezenas de milhares de pessoas protestaram nas ruas. Aqui só saíram à rua poucas centenas, sobretudo habitantes dos bairros pobres. O sloogan da campanha eleitoral de Museveni era simples: “Museveni paka last – Museveni para sempre!” Há ugandeses que encaram a possibilidade com repugnância.
Autor: Simone Schlindwein/Carlos Martins/Cristina Krippahl
Revisão: Cristina Krippahl