Um ano de Akufo-Addo: avanços e percalços para o Gana
7 de dezembro de 2017O Presidente do Gana, Nana Akufo-Addo, completa um ano no poder. O chefe de Estado ganhou as eleições em dezembro de 2016, com mais de 50% dos votos. Depois de ter sido candidato outras duas vezes, a vitória de Akufo-Addo foi garantida, em grande parte, devido às suas numerosas promessas de campanha.
Entre as compromissos assumidos, Akufo-Addo garantiu desenvolver a indústria em todos os distritos do país, oferecer educação secundária gratuita, fazer mais investimentos no exterior e combater a corrupção.
Os eleitores esperavam por mudanças reais. A crise financeira havia desacelerado o crescimento do Gana para apenas 3,6% ao ano. As taxas de inflação e de desemprego estavam a aumentar e cada vez mais jovens deixavam o país em busca de oportunidades no exterior.
Embora o Gana tenha impressionado a comunidade internacional com a quarta transição pacífica de poder, o país pouco viu avançar mudanças concretas durante este ano do novo Governo. Akufo-Addo levou seis meses apenas para constituir o próprio gabinete.
Para Burkhardt Hellemann, diretor do escritório da fundação alemã Konrad Adenauer, na capital do Gana, o avanço lento das mudanças no país não é uma surpresa. "Acho que o Governo começou com muita força e boa vontade, mas depois de oito anos na oposição, o novo Presidente percebeu que governar não é tão fácil quanto pensava", diz.
Promessa cumpridas, mas com percalços
O Governo tem trabalhado para cumprir com as promessas feitas durante a campanha. A educação em escolas secundárias, por exemplo, passou a ser gratuita em setembro deste ano.
Uma nova função de procurador especial foi criada para reprimir a corrupção no país e os ambiciosos projetos de construção de barragens e fábricas também estão em andamento, de acordo com o Executivo.
Entretanto, a implementação real de vários projetos foi afetada por alguns contratempos. As escolas não estavam preparadas para o grande número de estudantes, por isso, faltaram materiais didáticos, professores qualificados, bem como itens essenciais, como mesas e cadeiras.
Além disso, observadores apontam que ainda não está claro o tipo de autoridade que o novo promotor anticorrupção deve ter. Apesar de ter sido criada, a pasta ainda não foi preenchida. O financiamento dos projetos de infraestrutura também não foi finalizado.
Ajustes económicos são necessários
Segundo Burkhardt Hellemann, o Governo do Gana deve centrar-se, principalmente, no ajuste da economia para os próximos anos.
"Penso que Akufo-Addo queria mostrar ainda este ano que realmente está disposto a implementar o que prometeu, mas ainda há muito a ser feito em termos de ajustes económicos, bem como o financiamento do orçamento do Estado. Por enquanto tem sido suficiente, mas a longo prazo deverá ser esclarecido", explica.
O Presidente Akufo-Addo assumiu uma dívida de seu antecessor, John Dramani Mahama, o que poderia deixar uma sombra sobre seu mandato. O Governo tem tentado gerar mais receita tributária ao promover um maior crescimento económico, o que deve resultar em mais investimentos privados do exterior.
No entanto, os investidores estrangeiros ainda estão reservados. Hellemann acredita que o Gana precisa desenvolver um conceito de negócios coerente para atrair empresas internacionais. "No momento, infelizmente, não parece que o Governo ganês esteja esforçando-se para isso", conclui Burkhardt Hellemann, da fundação alemã Konrad Adenauer em Acra.