Um ano de JLo: Que mudanças há em Angola?
23 de agosto de 2018Há um ano, sete milhões de eleitores foram chamados a escolher o novo Presidente da República e os deputados no Parlamento angolano.
Alcides Sakala deputado e porta-voz da UNITA, o segundo partido mais votado nas últimas eleições, vê um país sem grandes avanços, onde se "quebraram expectativas", apesar de reconhecer que se trata de um "processo em andamento".
"Ainda não há avanços consideráveis naquilo que foram as promessas feitas. Haveria certamente que se definir as prioridades no quadro daquilo que são as grandes linhas políticas para o nosso país", disse Sakala.
Uma das promessas feitas pelo Presidente João Lourenço durante a campanha eleitoral foi a criação de 500 mil postos de trabalho. A 21 de julho deste ano, dezenas de jovens e ativistas cívicos realizaram uma marcha contra o desemprego, em resposta a essa promessa que consideram que não foi cumprida.
"Há avanços mas é preciso mais"
No âmbito do exercício de direitos, liberdades e garantias fundamentais, o ativista Arante Kivuvu, um dos organizadores da manifestação contra o desemprego, reconhece que há avanços, mas é preciso fazer mais.
"Tem existido alguma abertura no que concerne ao exercício das liberdades das manifestações. Foi este ano em que realizamos uma manifestação em que a polícia garantiu a segurança e é louvável essa ideia. Mas também notamos que ainda falta muito por se fazer", explica.
Também Teixeira Cândido, secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas angolanos, diz que o exercício da atividade jornalística ainda enfrenta dificuldades no país. No entanto, acredita que existe "vontade política para se mudar as coisas”. E diz já ser percetível, por exemplo, a abertura por parte de algumas fontes do setor público e privado.
"No setor da comunicação social, entendemos que hoje há vontade alterar as coisas, vontade em dialogar. Há efetivamente sinais de mudança. Estamos aqui a olhar, por exemplo, para a sentença que absolveu os jornalistas Rafael Marques e Mariano Brás. É verdade que Rafael fez bem o seu trabalho, mas também vimos, quantas vezes, mesmo depois de se ter feito bem o trabalho, jornalistas que acabaram por ser condenados", disse à DW África.
Crise económica
Desde 2015, Angola é assolada por uma crise económica e financeira resultante da baixa do preço do petróleo no mercado internacional. O Governo tem adotado algumas medidas para se inverter o quadro, como o Programa de Estabilização Macroeconómica (PEM). Além disso, este ano, foi aprovado a Lei de Investimento Privado que visa atrair investidores estrangeiros em Angola. Para construção e conclusão de algumas infraestruturas o Governo vai recorrer ao empréstimo ao FMI e a outros parceiros internacionais.