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Um ano de obstáculos para o Presidente Filipe Nyusi

Leonel Matias (Maputo)15 de janeiro de 2016

Um ano depois de ser empossado como Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi ficou aquém das expetativas, dizem alguns analistas. Também porque estes foram 12 meses de muitos desafios.

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Tomada de posse de Filipe Nyusi como Presidente de Moçambique a 15 de janeiro de 2015Foto: picture-alliance/dpa/M. De Almeida

As expetativas em relação ao novo ciclo de governação, com a eleição de Filipe Nyusi para a Presidência moçambicana, eram elevadas. No discurso de tomada de posse, a 15 de janeiro de 2015, Nyusi preconizava mais participação, mais inclusão e mais democracia.

Um ano depois, o analista Fernando Lima afirma que muito pouco tem sido feito neste domínio, apesar de reconhecer pontos positivos no balanço da governação.

"Sobre a inclusão, apareceu um novo conceito - de que não era apenas dentro da própria FRELIMO [Frente de Libertação de Moçambique, no poder]", diz Lima. "Em relação a pacificar o país, continuamos com uma ameaça de retorno à guerra. Nyusi começou muito bem, mas houve um grande recuo, aparentemente, não por vontade própria mas por outras vontades, [de pessoas] que não estavam preparadas para esta abertura. Ainda neste capítulo, acabámos o ano com duas tentativas de assassinato do presidente da RENAMO", Afonso Dhlakama.

Nyusi tomou posse em plena crise pós-eleitoral, após a recusa do maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana, em aceitar os resultados das eleições de outubro de 2014.

Afonso Dhlakama und Filipe Nyusi Mosambik
Encontro de líder da RENAMO, Afonso Dhlakama (esq.), e Presidente moçambicano a 7 de fevereiro de 2015Foto: AFP/Getty Images/S. Costa

"Acho que [Nyusi] fez o máximo que podia" para pacificar o país, comenta o analista Gustavo Mavie. "Logo nos primeiros dias do seu mandato, reuniu-se duas vezes com o líder da RENAMO, na tentativa de chegar a um acordo com ele. E, como ele próprio tem dito, isso podia ter sido continuado, mas Dhlakama não está a mostrar predisposição para isso. Tem estado a 'fugir ao diálogo', como ele próprio diz. Dhlakama alega que quem não quer dialogar é o Governo."

Estilo próprio

Durante o primeiro ano de governação, Filipe Nyusi adotou um estilo muito próprio, segundo Fernando Lima. "É muito terra a terra, muito humilde", afirma.

Gustavo Mavie também acha que Nyusi adotou um estilo próprio, embora, seja uma "mudança na continuidade, como diz a própria FRELIMO".

Filipe Nyusi é o primeiro Presidente de Moçambique que não fez parte da geração que lutou de armas na mão pela independência do território. Por este motivo, antes do início do seu mandato, alguns observadores esperavam que ele viesse a ser o que designavam por "marionete" de algumas figuras influentes da FRELIMO.

Mosambik Amtseinführung von Filipe Nyusi
Presidente moçambicano Filipe Nyusi (esq.) e o seu antecessor, Armando GuebuzaFoto: picture-alliance/dpa/M. De Almeida

O analista Fernando Lima não acha que isso esteja a acontecer: "Nyusi mostrou que tem ideias, que quer fazer coisas decorrentes das suas próprias convicções. Parte do insucesso deste primeiro ano deve-se às barreiras e aos obstáculos que ele tem encontrado na sua própria governação, nomeadamente do ponto de vista do partido FRELIMO, que é o partido que tem a maioria no Parlamento", sublinha.

O primeiro ano de governação de Filipe Nyusi coincidiu com um período de calamidades naturais e com a aprovação tardia do Orçamento Geral do Estado, baixa generalizada dos preços das principais exportações, agravamento dos custos das importações, retirada da ajuda ao Orçamento por parte de cinco dos 19 parceiros internacionais, além de uma forte depreciação da moeda nacional em relação ao dólar.

Segundo o analista Mavie, muitos destes desafios arrastam-se para o segundo ano de governação: "Infelizmente, este ano começa muito mal. Começa com uma depreciação do metical, uma seca devastadora aqui no sul e cheias terríveis no norte e centro de Moçambique."

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Além disso, segundo Fernando Lima, continua a ser preciso resolver a tensão político-militar no país: É preciso uma "convivência política pacífica, em paz, com todos os partidos."

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