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Paz veio para ficar, diz Ungulani Ba Ka Khosa

João Carlos (Lisboa) 18 de junho de 2015

O clima de tensão em Moçambique é uma espécie de luz do pirilampo que não vai perdurar, disse Ungulani Ba Ka Khosa. O escritor moçambicano, que acaba de lançar o livro "Choriro", fez o pronunciamento em Lisboa,

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Ungulani Ba Ka Khosa, escritor moçambicanoFoto: DW/João Carlos

“Choriro” – o novo livro de Ungulani Ba Ka Khosa – retrata a história do primeiro rei branco no Vale do Zambeze, em pleno século XIX. O escritor moçambicano conta que "a obra situa-se no momento da morte de um dissidente do exército português, que entretanto se africaniza, e funda o reino a norte, ou seja, a montante do rio Zambeze."

A obra de ficção é fruto de um trabalho de pesquisa histórica revela Khosa: "São daqueles trabalhos em que tive de recorrer a um cenário quer se viveu durante a segunda metade do séc. XIX. Foi a decandência dos primeiros prazos e o ressurgimento dos chamados Estados militares ao nível do vale do Zambeze. E dentre esses Estados surgiram Estados de afro-goeses, Estados de pessoas crioulas, inclusive no caso vertente de um português que fugiu da tropa do império, na altura, e fundou esse reino. Era um caçador que aglutinou em torno de si aquele exército chamado de "achicundas" que fundaram aquele estado no Alto Zambeze."

E a literatura ou ficção poderia eventualmente contribuir para apaziguar o clima de tensão que voltou a Moçambique? O escritor moçambicano respondeu sorridente.
"Utopicamente a gente poderia dizer que a ficção poderia contibuir para isso, mas a realidade mostra o contrário."

Tensão política é como pirilampo

Cover das Buch Xoriro von Ungulani Ba ka Khosa
O último livro de Ungulani Ba ka Khosa

"As pessoas estão ligadas a essa realidade política e quando a propria política se sobrepõe a todos os outros discuros, o discurso político é imperante. E quando um discurso é imperante, pouca margem dá aos outros discursos. O que se espera é que, realmente, a situação se acalme e os vários discursos possam conviver numa situação de paz. Sou muito esperançoso, não sou pessimista, mas acho que a realidade vai assentar."

Este acaba por ser o apelo do escritor mais conhecido da sua geração, que tem fé na irmandade entre os moçambicanos. No mês em que se assinala o quadragésimo aniversário da independência, Moçambique poderá tirar lições do processo de paz que Angola experimenta.

"No nosso caso concreto eu diria que na minha óptica é aquele tipo de fogo fátuo, quer dizer, muitas vezes dizemos "olha, isto aqui é como o acander e apagar de um pirilampo na floresta". Mas, claro que é óbvio que vários investimentos se ressentem um pouco e há sempre um sentido de ameaça, mas que não se chega a concretizar, porque eu acho que a paz veio e está para ficar. Mas só que há esses lampejos que aparecem, essas ameaças que tendem a fazer tremelicar um pouco o "status quo" da sociedade."

Esperança

Para Ba Ka Khosa, Moçambique está a um passo de ultrapassar o diferendo entre o Governo e a RENAMO, de modo a consolidar o entendimento, necessário para a estabilidade e o desenvolvimento nacional.

“Pirilampo” – como antes admitiu o escritor – até seria um bom título para o próximo livro já na forja: "Sim, de certo modo. Mas o que nós queremos é uma luz permanente que seja de paz, não essa que acende e apaga. O que a gente quer é uma luz permamente. Mas eu sou otimista, acho que nos próximos tempos vamos ter um natal de paz e feliz em Moçambique. Os próximos tempos, serão mais de paz do que de conflito."

No entanto, para já, do novo livro muito há a dizer, adiantou o autor de “Choriro”, apresentado pela escritora portuguesa, Lídia Jorge, numa concorrida sessão realizada na quarta-feira (17.06) na livraria Bertrand Chiado.

Ungulani Ba Ka Khosa
"Ualalapi", de Ungulani Ba Ka Khosa, é considerada uma das melhores obras africanas do sec.XXFoto: DW/João Carlos

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