União Europeia vai ou não continuar a ajudar palestinianos?
9 de outubro de 2023Afinal, a União Europeia (UE) vai continuar a ajudar os palestinianos, "enquanto houver necessidade", esclareceu esta tarde o comissário responsável pela ajuda humanitária, Janez Lenarcic.
"Apesar de condenar veementemente o ataque terrorista do Hamas, é imperativo proteger os civis", escreveu Lenarcic na rede social X (antigoTwitter).
Horas antes, o comissário para a Política de Vizinhança e Alargamento, Oliver Varhelyi, anunciava na mesma rede social que "todos os pagamentos estão imediatamente suspensos".
"Vamos fazer a revisão de todos os projetos. Todas as propostas orçamentais, incluindo para 2023, estão adiadas até decisão em contrário", escreveu ainda o comissário europeu, sublinhando que "a escala do terror e a brutalidade contra Israel e a sua população são um ponto de viragem".
"Não se pode continuar a agir como habitualmente. Sendo o maior doador dos palestinianos, a Comissão Europeia vai rever todo o seu portefólio de ajuda ao desenvolvimento, no valor total de 691 milhões de euros", acrescentou Varhelyi.
A Comissão Europeia esclareceu, entretanto, que vai haver uma revisão profunda da assistência financeira, sem incluir a suspensão da ajuda humanitária à população, mas os pagamentos podem ser alterados em função da avaliação feita.
"A Comissão condena inequivocamente o ataque terrorista perpetrado pelo Hamas contra Israel. Na sequência destes acontecimentos, vai lançar hoje uma revisão urgente da assistência da UE para a Palestina", refere um comunicado divulgado ao início da noite.
Vários países contra suspensão da ajuda
Apesar de o serviço de imprensa da Comissão Europeia ter confirmado a declaração do comissário para a Política de Vizinhança e Alargamento, as palavras de Oliver Varhelyi suscitaram dúvidas em Bruxelas.
Os órgãos diplomáticos de vários Estados-membros, incluindo Espanha, Luxemburgo e Irlanda, anunciaram o seu total desacordo com a decisão de suspender a ajuda humanitária aos territórios palestinianos.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Luxemburgo, Jean Asselborn, insistiu que o seu governo não apoia a suspensão da ajuda. "Dois milhões de pessoas vivem em Gaza. São também reféns do Hamas. Com estes métodos, empurrámo-las para os braços dos terroristas", afirmou.
"Somos o maior doador de Gaza. Esta ajuda é importante para os jovens. Não se trata de dinheiro para o Hamas, é para o povo de Gaza", disse Asselborn à AFP.
Já a Alemanha decidiu suspender temporariamente a ajuda ao desenvolvimento aos territórios palestinianos, dois dias após o ataque surpresa do Hamas contra Israel que fez mais de 700 mortos e milhares de feridos.