Universidade pública guineense sem recursos para 2016/2017
9 de setembro de 2016A única instituição pública de ensino superior da Guiné-Bissau, Universidade Amílcar Cabral (UAC), está sem nem um tostão para o início do ano letivo 2016/2017, programado para o próximo dia 19 de setembro.
A reitora da universidade, Zaida Maria Pereira, afirma que, devido a falta de recursos, para tentar manter a instituição em funcionamento, ela precisa pagar diversas despesas com o próprio salário.
"Quando recebo o meu salário pago a senhora da limpeza, pago o serviço de internet, o jardineiro, senão ninguém teria condições de entrar aqui. Está tudo sujo", revela Zaida Pereira.
Segundo a reitora, também por causa da falta de recursos, é possível que apenas um curso superior seja oferecido neste ano escolar. "As condições não estão ainda preenchidas. Da parte administrativa está tudo feito, ou seja: a caracterização, seleção de docentes, e programação. Falta o dinheiro", esclarece.
De acordo com Pereira, "o problema de abertura de apenas um curso não tem só a ver com o pagamento de salário dos professores”. A reitora diz ainda que a manutenção de um curso de ensino superior requer “toda uma maquinaria e essa maquinaria não se inventa”.
Ela ressalta que “um dos critérios (para a manutenção de um curso) é a qualidade e estabilidade financeira do corpo docente, o que ainda não existe".
Crise no ensino superior
Com sede na capital, Bissau, a UAC foi criada pelo decreto n° 6/99 de 6 de dezembro de 1999, como uma universidade pública, mas em novembro de 2008, o Executivo alegou falta de condições para financiar a instituição.
A única instituição pública de ensino superior guineense, desde então, vem passando por uma profunda reestruturação, após ter sido extinta em 2008, e suas estruturas terem sido absorvidas pela Universidade Lusófona. Após cinco anos desativada, UAC retomou suas atividades e em 2014 a instituição passou a ter uma reitoria.
Zaida Pereira garante que falta vontade política por parte das autoridades para com a instituição, ao ponto de nunca terem sido disponibilizadas verbas para atender as demandas do centro de ensino.
Para o ministro da Educação guineense, Sandji Fati, a UCA não está pior do que as outras instituições do género que já visitou, mas promete contudo melhorias.
“Já vimos outras universidades e esta não é a pior. Estamos a trabalhar no sentido de melhor as condições efectivas para que possa funcionar”, declara.