União Europeia combate mortalidade materno-infantil na Guiné-Bissau
12 de agosto de 2014Chama-se PIMI, Programa Integrado para a Redução da Mortalidade Materno-Infantil. Ainda é praticamente um bebé (tem um ano de idade) mas já caminha sozinho, confiante.
"Há um ano tivemos dificuldades, pois era a primeira vez que estávamos no terreno. Mas hoje é mais fácil e temos também a coragem de ir a casa das famílias e sensibilizá-las para irem ao hospital", diz Infali Biai, um dos agentes do programa.
Biai, de 42 anos, tem 50 famílias a seu cargo, mesmo nas aldeias mais remotas. Ele promove as chamadas "16 práticas" de saúde essenciais, monitoriza as famílias e encaminha-as para serviços de saúde em caso de doença.
Altas taxas de mortalidade materno-infantil
A Guiné-Bissau é um dos países do mundo onde morrem mais crianças menores de cinco anos. É também um dos países onde morrem mais mães durante ou após o parto.
Segundo os dados mais recentes divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a taxa de mortalidade materna é de 560 por 100.000 e a taxa de mortalidade infanto-juvenil na Guiné-Bissau é de 129 por 1.000 nascidos-vivos. Paludismo, diarreia e má nutrição são as principais causas da mortalidade infantil no país.
A União Europeia lançou há um ano o PIMI para garantir às mulheres grávidas e às crianças com menos de cinco anos melhor acesso a cuidados de saúde básicos nas regiões de Biombo, Cacheu, Oio e Farim, que abrangem, em conjunto, cerca de um terço da população do país.
O PIMI possibilitou a vinda de reforços para a luta contra a mortalidade-infantil: 1.300 agentes comunitários de saúde e medicamentos gratuitos. Prevê-se também que as estruturas de saúde passem a dispor de recursos adequados à prestação de cuidados de saúde materno-infantil, nomeadamente ao nível das infra-estruturas e dos equipamentos nas salas de parto e cirurgia.
Casos de doenças diminuíram
O impacto da iniciativa, que se prolongará por mais dois anos, já é visível, conta Francisco Baldé, delegado de saúde regional adjunto para a região de Cacheu.
"Já se nota uma diferença. Os casos de paludismo diminuíram drasticamente graças ao uso dos mosquiteiros impregnados", diz o responsável. Os agentes do programa "também fazem educação para a saúde. Os casos de diarreia também já diminuíram, porque eles explicam à população como tratar a água. Além disso, agora, muitas das pessoas já têm latrinas e usam-nas."
Graças à distribuição de medicamentos gratuitos há sinais de abrandamento nos casos de paludismo e diarreias. Agora é possível atacar de imediato a doença, ao contrário do que acontecia antes, quando as pessoas eram impedidas de agir por falta de dinheiro para ir à farmácia, destaca a ministra da Saúde, Valentina Mendes.
A União Europeia financia 80 por cento do custo total do projecto PIMI, em 8,9 milhões de euros. Os outros 20 por cento são cobertos por outros três parceiros: UNICEF, Instituto Marquês de Valle Flôr (Portugal) e Entraide Médicale Internationale (França).