Verme-da-Guiné: rumo à erradicação
Em 1986, houve cerca 3.6 milhões de casos da doença do verme-da-Guiné em 21 países de África e Ásia. Hoje, esta doença está perto de se tornar a segunda doença humana a ser completamente erradicada.
Erradicação à vista
Em 1986, houve cerca de 3.6 milhões de casos da doença do verme-da-Guiné em 21 países de África e Ásia. Hoje, esta doença parasítica está perto de ser erradicada. Em 2017, houve apenas 30 casos, no Chade e na Etiópia. Nos primeiros três meses de 2018, apenas três casos foram registados em humanos e num só país, o Chade.
Centro Jimmy Carter
Em 1986, a fundação do ex-Presidente americano Jimmy Carter liderou uma campanha internacional contra o verme-da-Guiné. Graças a ela, foram evitados quase 80 milhões de casos. O verme-da-Guiné poderá ser a primeira doença parasítica a ser erradicada e a segunda doença a ser eliminada de todo, a seguir à varíola. Seria também a primeira doença a ser erradicada sem recurso a vacinas ou medicação.
Ciclo de vida do parasita
O ciclo de vida do parasita começa quando se bebe água não filtrada de lagos ou águas estagnadas que contêm copépodes microscópicos (pulgas de água) infetados com larvas. Uma vez ingerida a água, os copépodes morrem e libertam as larvas no sistema digestivo, que depois crescem e reproduzem-se. As larvas masculinas morrem, mas as femininas podem atingir entre 60 e 100 centímetros de comprimento.
Verme vem à tona
Normalmente, o verme sai pela perna ou o pé depois de estar cerca de um ano dentro corpo do indivíduo. A ferida é dolorosa. Limpar ou aliviar a dor da ferida em lagos ou outras fontes de água faz com que se libertem milhões de larvas para a água, que os copépodes ingerem. A larva desenvolve-se nos copépodes, podendo depois ser novamente consumidas por humanos.
Doença debilitante
Não há medicação ou tratamento para o verme-da-Guiné. O verme é normalmente removido do corpo do indivíduo a pouco e pouco: alguns centímetros a cada dia, durante várias semanas, usando-se gaze ou um pauzinho. O processo é debilitante e pode levar a infeções bacterianas secundárias. A doença afeta muito a vida das pessoas, que não podem trabalhar ou ir à escola durante longos períodos.
Programas de informação e prevenção travam contágio
A doença do verme-da-Guiné tem sido travada graças a programas comunitários para educar e alterar comportamentos. Informação simples como explicar que se deve beber água filtrada, e evitar que pessoas infetadas entrem em contacto com fontes de água públicas tem prevenido que a doença se espalhe.
Apenas 30 casos em 2017
A doença do verme-da-Guiné continua a ser endémica no Sudão do Sul, Mali, Chade e Etiópia. Em 2017, houve apenas três casos isolados em 20 aldeias de dois países: Chade e Etiópia.
Contágio entre cães
Em 2012, no Chade, foram descobertos, pela primeira vez, cães infetados com a doença, o que gerou preocupação sobre a possível transmissão entre animais. Acredita-se que os cães em vilas piscatórias no Chade tenham apanhado a doença ao comerem peixe cru e vísceras contaminadas com as larvas. Intervenção e educação com população local baixaram as taxas de transmissão após surgir esta situação.