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Violência antecede divulgação dos resultados no Burundi

António Rocha/AFP/AP2 de julho de 2015

Cinco membros de um "grupo armado" e um polícia foram mortos nos combates com opositores, em Bujumbura. Burundi aguarda resultados das eleições legislativas e comunais de segunda-feira (29.06), boicotadas pela oposição.

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Foto: AFP/Getty Images/C. de Souza

Segundo um alto oficial da polícia, o incidente começou na manhã desta quarta-feira (01.07) com a explosão de uma granada, lançada contra polícias que patrulhavam o bairro de Cibitoke, um dos bastiões da contestação contra a candidatura do presidente Pierre Nkurunziza a um terceiro mandato nas presidenciais previstas para 15 de julho, na sequência das legislativas e comunais da passada segunda-feira (29.06).

Ainda segundo a polícia citada pela agência de notícias AFP, dois polícias ficaram feridos na explosão, imediatamente seguida de uma autêntica caça ao homem no bairro, efetuada pelas forças de segurança - que, então, entraram em confronto com um grupo fortemente armnado.

Este grupo terá sido neutzralizado, tendo sido presos 24 dos seus membros e apreendida uma certa quantidade de armas. Nenhuma fonte independente confirmou este balanço.

Expectativa pelos resultados

Parlamentswahlen in Burundi
Oficiais da Comissão Eleitoral checam documentos dos eleitores antes da votação nas parlamentares e comunais da última segunda-feira (29.06)Foto: picture-alliance/AP Photo/G. Ngingo

Os confrontos desta quarta-feira (01.07) ocorreram precisamente numa altura em que o Burundi aguarda, a qualquer momento, a divulgação dos resultados dos escrutínios de segunda-feira (29.06) - boicotados pela oposição, recusados pela comunidade internacional e realizados, em consequência, praticamente sem nenhum observador eleitoral.

Desde o anúncio, nos finais de abril, da candidatura do Presidente Pierre Nkurunziza, já eleito em 2005 e 2010, a um terceiro mandato, o país se vê mergulhado na pior crise política, desde o fim da guerra civil (1993-2006).

Manifestantes tomaram as ruas exigindo que Nkurunziza desiste da candidatura, considerada por eles como "ilegal" – uma vez que a Constituicao prevê o máximo de dois mandatos. Os apoiadores do Presidente defendem, no entanto, que ele seria elegível a um terceiro termo – porque, no primeiro mandato, Nkurunziza não foi eleito pela população. O Tribunal Constitucional se posicionou a favor do Presidente.

Em meados de maio, fracassou auma tentativa de golpe de Estado no Burundi.

Burundi Präsident Pierre Nkurunziza
O Presidente do Burundi, Pierre NkurunzizaFoto: Getty Images/AFP/F.Guillot

Devido à grave crise política que fustiga o país, tanto a comunidade internacional como a oposição consideraram que as condições não estavam reunidas para a realização de pleitos eleitorais credíveis.

A União Africana (UA), tal como a União Europeia (UE), decidiram não enviar observadores para essas eleições, porque consideraram que as condições da realização desses pleitos eleitorais são pouco credíveis.

O padre burundês Déogratias Maruhukiro, entrevistado pela DW-África, lamentou que o governo de Bujumbura tenha se recusado ouvir os conselhos de vários interlocutores, personalidades e organizaçãoes que solicitaram a marcação de uma outra data para as eleições, "a fim de permitir um clima apaziguador e umas eleições inclusivas para que todos pudessem participar. Tal desejo não se concretizou."

Pleito marcado por confrontos e medo

Burundi Bujumbura Proteste gegen Präsident Nkurunziza Demonstration Polizei Tränengas
No Burundi, período pré-eleitoral foi marcado por violentos protestosFoto: Reuters/G. Tomasevic

Apesar dos apelos ao boicote às eleições legislativas e comunais, as populações foram às urnas. O padre Maruhukiro explica que "as populações foram intimidades e ameaçadas, tanto pela oposição como pelo partido no poder. Então as pessoas não tiveram muita escolha".

Essas eleições já deram lugar, ao longo das últimas semanas, a um aumento da tensão e a um recrudescimento da violência: ataques com granadas, na capital Bujumbura e no interior do país, provocaram vários mortos e feridos.

No total, a violência fez, até agora, pelo menos 70 mortos e centenas de feridos. Mais de 140 mil burundeses fugiram para os países vizinhos.

A comunidade internacional, que teme um regresso da violência em grande escala num país marcado por massacres e uma longa guerra civil (1993-2006), já denunciou o que considerou ser a “teimosia do poder” a realizar essas eleições.

Em resposta, o presidente Nkurunziza exigiu o respeito pela independência do país, que completou esta quarta-feira (01.07) 53 anos libertos da tutela belga, em 1962.

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