Violência sobe de tom em Hong Kong
17 de novembro de 2019Para além de terem ocupado o campus da Universidade Politécnica de Hong Kong, palco dos mais recentes confrontos, os ativistas bloquearam também, este domingo (17.11), o acesso a um dos três principais túneis rodoviários que ligam a Ilha de Hong Kong ao resto da cidade.
"Não temos medo. Se não continuarmos, vamos falhar. Então, por que não ir com tudo", afirmou um estudante, que preferiu não se identificar.
Em resposta, a polícia antimotim disparou várias granadas de gás lacrimogéneo contra os manifestantes, que se abrigaram atrás de uma 'parede' de guarda-chuvas.
Os confrontos entre polícia e manifestantes ocorreram durante horas, após confrontos durante a noite de sábado (16.11), em que os dois lados trocaram bombas de gás lacrimogéneo e bombas incendiárias que deixaram focos de incêndio na rua.
Entretanto, durante a manhã deste domingo (17.11), as forças de segurança fizeram saber que um polícia foi atingido numa perna por uma flecha lançada por manifestantes antigovernamentais e pró-democracia. A polícia publicou as imagens na rede social Facebook e adiantou que as forças de segurança têm sido alvo do arremesso de tijolos, bombas incendiárias e flechas por parte de manifestantes que ainda permanecem junto à Universidade Politécnica de Hong Kong.
A polícia sublinhou ainda que as condições se estão "a deteriorar", condenou a violência dos manifestantes e recomendou à população que não se dirija para o local, sublinhando que a ação dos jovens estão a colocar em perigo a vida das pessoas.
Grupos rivais
Como já tem acontecido antes, um grande grupo de pessoas, apoiantes do governo, voltou a tentar limpar uma estrada cheia de escombros perto do campus desta universidade, mas foi advertido pelos manifestantes de que se devia afastar.
Em outros lugares, trabalhadores e voluntários - incluindo um grupo de soldados chineses que saíram da guarnição - limparam estradas repletas de entulhos. A limpeza aconteceu, ainda no sábado, quando a maioria dos manifestantes abandonou os locais.
Uma ação que foi já criticada pelos legisladores da oposição, que emitiram uma declaração na qual criticam os militares chineses por se terem juntado às operações de limpeza. Os militares têm permissão para ajudar a manter a ordem pública, mas apenas a pedido do Governo de Hong Kong.
O Governo de Hong Kong disse que não havia solicitado a assistência dos militares, descrevendo-a como uma atividade voluntária da comunidade.
Amnistia critica Alemanha
A organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional apelou à Alemanha para que cancele as formações agendadas para soldados chineses. Numa entrevista ao jornal alemão Bild, publicado este domingo (17.11), Mathias John, da organização, deixou o apelo: "À luz da situação dos direitos humanos na China e do papel geral dos militares chineses, não há nenhuma razão justificável para que a Alemanha os ajude a treinar", disse.
Referindo-se à situação atual em Hong Kong, Mathias John acrescentou que "o governo alemão deve enviar um sinal claro e cessar imediatamente qualquer cooperação militar".