Von der Leyen critica "escândalo da injustiça" da vacinação
15 de setembro de 2021Em seu discurso sobre o Estado da União, esta quarta-feira (15.09), a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a doação de mais 200 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 a países de baixo rendimento, incluindo em África.
"A minha primeira prioridade é acelerar a vacinação nos países de baixo rendimento. Posso anunciar hoje que a Comissão vai acrescentar uma nova doação de mais 200 milhões de doses até meados do próximo ano", disse perante ao Parlamento Europeu. "Trata-se de um investimento na solidariedade e é um investimento também na saúde global."
Ursula von der Leyen reconheceu a disparidade no ritmo de vacinação de regiões mais ricas economicamente, tal como os países europeus e os Estados Unidos da América, que já têm a maior parte da sua população adulta vacinada, em comparação com países mais pobres, que ainda estão lutando para conseguir as vacinas.
"Com menos de 1% das doses mundiais sendo ministradas em países subdesenvolvidos, o escândalo da injustiça e o nível de urgência são óbvios", salientou.
A presidente da Comissão Europeia ainda afirmou que metade das 1,4 mil milhões de doses de vacinas produzidas no território europeu foram exportadas para fora da UE. Estes 200 milhões de doses acrescem a 700 milhões que a UE já entregou a mais de 130 países.
Produção de energia limpa em África
Von der Leyen também anunciou que o bloco europeu irá investir no continente africano para "criar um mercado de hidrogénio verde e que conecte as duas margens do Mediterrâneo".
O projeto tem início previsto para fevereiro de 2022. "[A EU quer] investir em infraestrutura de qualidade, conectando bens, pessoas e serviços de todo o mundo", afirmou.
O projeto faz parte da nova estratégia de conectividade chamada "Ponte Global". A presidente da Comissão também acrescentou que, com esse projeto, "não é a dependência que se pretende promover, mas sim a criação de laços".
Novo pacto para a migração
No seu discurso, Von der Leyen também sublinhou a necessidade de os Estados-membros adotarem um pacto migratório, alegando "ser o momento certo para o fazer".
A líder do executivo comunitário criticou a Bielorrússia, cujas autoridades "colocaram pessoas em aviões e empurraram-nas, literalmente, para as fronteiras da Europa" e, durante semanas, têm pressionado a Lituânia, Polónia e Letónia, facilitando a chegada de migrantes em situação irregular. A presidente da Comissão Europeia sublinhou que a UE "não pode tolerar" este tipo de situação. "Chamemos as coisas pelos nomes: trata-se de um ataque híbrido que pretende desestabilizar a Europa", destacou.
O Novo Pacto em matéria de Migração e Asilo, ainda a ser lançado, une "um sistema equilibrado e humano" e que poderá ser aplicado em todos os Estados-membros e em todas as circunstâncias.
"Sei que há opiniões difíceis de mudar sobre migração, mas penso que podemos chegar a um entendimento", considerou.
UE aumenta ajuda ao Afeganistão
Sobre a crise humanitária no Afeganistão, Von der Leyen disse que o fracasso da retirada em Cabul levanta preocupações não apenas para o bloco económico, mas para a NATO também.
"Para garantir que seus serviços (europeus e colaboradores que estão deslocados) nunca serão em vão, precisamos refletir em como essa missão pôde terminar tão abruptamente", afirmou.
Von der Leyen também anunciou o envio de mais de cem milhões de euros em ajuda humanitária para o Afeganistão. A doação é um suplemento ao valor de 200 milhões de euros já enviados este ano após o Talibã assumir o poder.
Entre outros temas trazidos pela parlamentar no seu discurso, estavam as novas propostas de lei de prevenção à violência contra a mulher e o texto que proíbe a compra na União Europeia de materiais que passam por mão de obra escravizada.