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William Tonet acusa juízes angolanos de subserviência ao poder político

20 de outubro de 2011

O Supremo Tribunal de Angola vai decidir sobre o recurso judicial que pede a anulação da sentença de prisão contra o jornalista William Tonet por alegados crimes de opinião contra altas patentes militares do país.

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Capa do semanário angolano dirigido pelo advogado, jornalista e ativista político angolano William Tonet
Capa do semanário angolano dirigido pelo advogado, jornalista e ativista político angolano William TonetFoto: Screenshot

O recurso judicial com efeitos suspensivos relativo ao processo instaurado em Luanda por altas personalidades do regime angolano contra o diretor do semanário "Folha 8", William Tonet, vai ser analisado pelo Supremo Tribunal, revelou o próprio.

O advogado de defesa de Tonet alegou, no recurso, a existência de irregularidades processuais na decisão do tribunal que fixou em cem mil dólares o montante da indemnização a pagar aos ofendidos e pediu a respetiva anulação.

O juiz que proferiu a sentença decidiu esta quarta-feira (19.10.) que o recurso da defesa deverá ser julgado pela instância judicial superior. Recorde-se que o jornalista foi condenado na semana passada a um ano de prisão, remível com o pagamento da indemnização, por alegados crimes de "injúria, calúnia e difamação" a altas figuras do estado suspeitas de se terem apropriado ilegalmente de minas de diamantes e a um alto funcionário dos serviços alfandegários por alegado nepotismo.

Tonet, que vai aguardar a decisão do Supremo Tribunal em liberdade, considera que a sentença ignorou os factos provados no julgamento e que não existem razões para a sua condenação.

"O próprio Ministério Público que produziu a acusação, no final do julgamento, pediu a minha absolvição por terem sido provados os factos durante as audiências", disse Tonet. E acrescentou que "ficou provado que os generais têm minas e que o diretor das alfândegas tem meses em tira entre 100 a 200 mil dólares de salário".

Juízes são submissos

Palácio do Presidente da República de Angola, epicentro do poder político no país
Palácio do Presidente da República de Angola, epicentro do poder político no paísFoto: RIA Novosti

O diretor do semanário “Folha 8” acusa os juízes angolanos de falta de independência e de serem submissos a quem os nomeia - o Presidente da República, José Eduardo dos Santos: "Em Angola, os tribunais são dependentes do poder político. Este juiz não terá feito tudo da sua própria lavra".

Tonet manifestou-se sensibilizado com o apoio de muitos cidadãos angolanos à sua causa ilustrado pela recolha de donativos para ajudar a pagar a indemnização. Desde 15 de outubro, a coleta atingiu o valor de 60 mil dólares. "Os donativos são de gente anónima, de gente sofrida, que dá o pouco que tem, porque sabe que, em Angola, a liberdade de imprensa está em perigo", acrescentou Tonet.

Autor: Pedro Varanda de Castro

Edição: Marta Barroso