Zambézia luta para deixar de ter a mais alta taxa de analfabetismo de Moçambique
27 de agosto de 2014
A província da Zambézia continua com a taxa mais elevada de analfabetismo de Moçambique – 65 por cento. Autoridades das áreas de educação e cultura discutiram com parceiros de cooperação formas de introduzir novas estratégias, com vista a massificar palestras de sensibilização das comunidades. O objetivo é fazer com que mais pessoas vão à escola nos povoados mais distantes do interior da província da Zambézia, onde a presença nas unidades de educação primária é baixa.
O diretor provincial de Educação na Zambézia, Armindo Primeiro, relaciona a elevada percentagem de analfabetos na província com o crescimento populacional, acrescentando que “as metas de alfabetização anuais são poucas” devendo, por isso “ser cumpridas na íntegra”.
“Olhando para os índices de analfabetismo que temos na província, a Zambézia continua a ter índices acima da média nacional”, frisa Armindo Primeiro, explicando que, “como a província é a segunda mais populosa do país, existe um grande número de pessoas não alfabetizadas, o que equivale a dizer que grande parte da população de Moçambique é analfabeta”.
Docentes reclamam pagamento mensal de salários
Este ano, a província da Zambézia prevê alfabetizar 2 mil e 500 pessoas que nunca foram à escola, com idades compreendidas entre os 15 e os 40 anos, através de programas de alfabetização Regular e Alfa Rádio. As 2 mil e 500 pessoas que serão alfabetizadas serão assistidas por 7 mil alfabetizadores. No entanto, há alguns factores que afectam o seu bom desempenho. Exemplos são a falta de material didático e o atraso no pagamento de subsídios.
Rabia Essalamo, alfabetizadora do Centro Mártires de Inhassunge, revela que o seu salário chega apenas de dois em dois meses e não é suficiente para se sustentar. “Mensalmente seria muito melhor”, afirma. “Mesmo que seja pouco, podemos dizer que num determinado dia temos algum valor. Agora, o acumulado chega quando já estamos cheios de dívidas e já não chega para pagar”, explica a alfabetizadora.
Ricardo Eugénio, também alfabetizador no centro de Inhassunge, afirma que os 500 dólares que recebe como salário bimensal não chegam para cobrir dívidas contraídas durante o período de dois meses e afirma-se desmoralizado. “Se fosse mensal, embora pouco, pelo menos ia ajudar”, diz o alfabetizador.
Apesar dos esforços, ainda não há solução à vista
Mahomede Hibraimo, do departamento da Direção Pedagógica, frisa que, apesar dos esforços para erradicar o analfabetismo na Zambézia, o caminho é longo e difícil e o problema não terá uma solução a curto prazo. “A taxa ainda se encontra bastante alta, sobretudo na vertente feminina e em distritos como Lugela, Milange, Morrumbala”, afirma, sublinhando ainda que, “em termos numéricos, na população adulta, a taxa ronda os 62 por cento de analfabetos ao nível da província”.
Clara Sarnete, da Cooperação Cubana para Alfabetização de Adultos em Moçambique, refere que o mecanismo encontrado junto das autoridades de educação para os próximos anos foi incluir líderes comunitários, religiosos e secretários dos bairros para mobilizar a população não escolarizada a ir aos Centros de Alfabetização criados em todos os distritos. “Neste sentido, há um maior número de pessoas a participar”, conclui.