Zelensky quer trocar aliado de Putin por presos ucranianos
13 de abril de 2022"Ofereço à Federação Russa a troca deste homem pelos nossos meninos e meninas que estão atualmente em cativeiro na Rússia", salientou esta terça-feira (12.04) o chefe de Estado ucraniano num vídeo divulgado na rede social Telegram.
O deputado e empresário ucraniano Viktor Medvedchuk, próximo do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, encontrava-se em fuga desde o início da invasão russa da Ucrânia e foi detido esta terça-feira (12.03) numa "operação especial".
"Uma operação especial foi realizada graças ao Serviço de Segurança Ucraniano", escreveu o governante ucraniano, para quem é também importante que as forças policiais e militares da Ucrânia considerem esta possibilidade.
Volodymyr Zelensky pretende ainda que a detenção de Medvedchuk seja um exemplo para a Rússia, realçando que "nem um oligarca escapou" às forças ucranianas.
Deputado milionário é aliado de Putin
Viktor Medvedchuk, de 67 anos, estava em prisão domiciliária desde maio de 2021 após ter sido acusado de "alta traição" e "tentativa de roubo de recursos naturais na Crimeia", península ucraniana anexada pela Rússia em 2014.
Em 26 de fevereiro, dois dias após o início da invasão russa da Ucrânia, a polícia ucraniana notificou o seu desaparecimento durante uma visita de controlo.
O 12.º homem mais rico da Ucrânia em 2021, com 620 milhões de dólares (cerca de 572 milhões de euros) segundo a revista Forbes, Medvedchuk é conhecido pela sua ligação a Vladimir Putin, que é padrinho de uma das filhas do político ucraniano.
Medvedchuk é o fundador do partido pró-Rússia Plataforma da Oposição - Pela Vida, que tinha cerca de 30 deputados no parlamento do país antes de ser banido em março, na sequência da invasão russa.
O empresário visitou Moscovo várias vezes para se encontrar com Putin - a última vez foi em julho de 2019, quando Zelensky já era Presidente. Além disso, sempre defendeu a concessão da autonomia à região do Donbas e chegou até a apresentar um plano de paz que foi apoiado por Moscovo.
Suspensos partidos com ligações à Rússia
O chefe de Estado ucraniano tinha anunciado em 20 de março a suspensão da atividade de vários partidos políticos com ligações à Rússia, numa altura em que está em vigor na Ucrânia a lei marcial.
O porta-voz do Kremlin [presidência russa], Dmitry Peskov, recusou no imediato comentar esta detenção às agências de notícias russas, realçando que "há muitas alegações falsas vindas da Ucrânia" que precisam de "ser verificadas primeiro".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior. A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,5 milhões das quais para os países vizinhos.