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Zimbabué: Protestos na capital contra violência policial

Lusa | AFP | nn
30 de novembro de 2019

Dezenas de advogados zimbabueanos protestaram na sexta-feira (29.11) na capital do país, Harare, contra a brutalidade policial e contra o "recrudescimento" da violência desde que o Presidente Mnangagwa chegou ao poder.

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Emmerson Mnangagwa, Presidente do Zimbabué desde 2017Foto: picture-alliance/dpa/AP/T. Mukwazhi

"Acabem com a violência patrocinada pelo Estado", "não à brutalidade policial" e "não toquem nos advogados" eram algumas das frases expostas nos cartazes empunhados pelos advogados, que protestavam nas suas vestes oficiais e com a cabeça envolta em gaze embebida em sangue falso.

"Estamos aqui como cidadãos e agentes da lei para marchar contra a brutalidade policial", referiu uma das manifestantes, Sandra Dhizwani, citada pela France-Presse.

Na semana passada, o advogado Doug Coltart foi agredido pela polícia a caminho de uma esquadra, onde iria defender um cliente sob custódia.

Uma representante da Associação de Advogados do Zimbabué pelos Direitos Humanos referiu que os magistrados estão "preocupados com o aumento da violência".

"Em 01 de agosto de 2018, vimos, pela primeira vez, soldados a abrirem fogo sobre civis desarmados, matando pelo menos seis pessoas", disse ainda Roselyn Hanzi.

 Numa petição apresentada ao Ministério do Interior, os advogados pediram à polícia para "não recorrer à força de uma forma desproporcional, à tortura, a uma escalada do tratamento cruel, desumano e degradante (...) nem realizar detenções arbitrárias".

A manifestação foi acompanhada por polícias que não utilizaram equipamento antimotim, contrastando com a atuação da semana passada, em que as forças de segurança dispersaram centenas de apoiantes do principal partido da oposição, o Movimento para a Mudança Democrática (MDC), recorrendo a gás lacrimogéneo e a bastões.

Os manifestantes realizaram uma marcha entre o edifício do Supremo Tribunal do Zimbabué e a sede do Ministério do Interior.

Simbabwe Harare | Demonstration & Ausschreitungen | Movement for Democratic Change
Autoridades policiais têm sido acusadas veementemente de excesso de violência no controlo dos protestosFoto: Getty Images/AFP/Z. Auntony

Repressão sistemática

No final de 2017, Emmerson Mnangagwa sucedeu ao Presidente Robert Mugabe, que durante 37 anos governou um país financeiramente devastado.

A oposição e a sociedade civil acusam o novo Presidente de reprimir sistematicamente as suas manifestações contra a deterioração contínua das condições de vida da população.

Pelo menos 17 pessoas foram mortas pelas forças da lei em janeiro durante manifestações contra a duplicação de preços dos combustíveis. Desde então, várias organizações não-governamentais documentaram cerca de 50 casos de rapto ou tortura e centenas de detenções de opositores, sindicalistas ou membros da sociedade civil.

Robert Mugabe continua a dividir opiniões no Zimbabué